segunda-feira, 30 de setembro de 2019

LITERATURA DO MODERNISMO

A literatura brasileira reúne diversos poetas e poetisas que tiveram grande destaque não somente no Brasil, mas no mundo.
Confira abaixo uma lista com alguns dos maiores poetas brasileiros modernos. Leia  algumas de suas poesias e conheça, também algumas obras.
1. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Poeta modernista mineiro, Drummond é considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX. Grande destaque da segunda geração modernista, além de poesias, escreveu crônicas e contos.
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.

2. Clarice Lispector (1920-1977)

Poetisa modernista, Clarice nasceu na Ucrânia, porém foi naturalizada brasileira. Grande destaque da terceira geração modernista, ela é considerada uma das maiores escritoras do Brasil. Além de poesias, escreveu romances, contos e obras de literatura infantil.

O sonho

Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

3. Cecília Meireles (1901-1964)

Poetisa brasileira carioca, Cecília é uma das primeiras mulheres a ter grande destaque na literatura brasileira. Foi escritora da segunda fase do modernismo no Brasil. Suas poesias apresentam caráter intimista com forte influência da psicanálise e da temática social.

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

4. Manuel Bandeira (1886-1968)

Poeta brasileiro pernambucano, Manuel teve grande destaque na primeira fase do modernismo no Brasil. Além de poesia, escreveu também obras em prosa. Com grande lirismo, sua obra versa sobre temas do cotidiano e da melancolia.

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
– Eu faço versos como quem morre.

05. João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

Poeta moderno nascido em Pernambuco, João Cabral ficou conhecido como o “poeta engenheiro”. Foi grande destaque da terceira geração modernista no Brasil e além de poesia, ele escreveu obras em prosa.

O Relógio

Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.
Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.
Umas vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.
Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;
e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade.


06. Érico Lopes Veríssimo foi um dos escritores brasileiros mais populares do século XX. 
Nascimento17 de dezembro de 1905, Cruz Alta
Falecimento28 de novembro de 1975, Porto Alegre, Rio Grande do Sul

07. Jorge Leal Amado de Faria  ou apenas Jorge Amado (Itabuna10 de agosto de 1912 — Salvador6 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos.[5][6] Jorge Amado é o autor mais adaptado do cinema, do teatro e da televisão. Verdadeiros sucessos como Dona Flor e Seus Dois MaridosTenda dos MilagresTieta do AgresteGabriela, Cravo e Canela e Tereza Batista Cansada de Guerra foram criações suas. Sua obra literária – 49 livros, ao todo – também já foi tema de escolas de samba por todo o País. Seus livros foram traduzidos em 80 países, em 49 idiomas, bem como em braille e em fitas gravadas para cegos.]
Integrou os quadros da intelectualidade comunista brasileira desde o final da primeira metade do século XX - ideologia presente em várias obras, como a retratação dos moradores do trapiche baiano em Capitães da Areia, de 1937. Em 1995, já descrente dos resultados práticos do comunismo, deixa o PCB (Partido Comunista Brasileiro), despejando fortes críticas à ideologia comunista.
ALGUMAS OBRAS PUBLICADAS
·         O País do Carnaval, romance (1931)
·         Cacau, romance (1933)
·         Suor, romance (1934)
·         Jubiabá, romance (1935)
·         Mar morto, romance (1936)
·         Capitães da areia, romance (1937)
·         A estrada do mar, poesia (1938)
·         ABC de Castro Alves, biografia (1941)
·         O cavaleiro da esperança, biografia (1942)
·         Terras do Sem-Fim, romance (1943)
·         São Jorge dos Ilhéus, romance (1944)
·         Bahia de Todos os Santos, guia (1944)
·         Seara vermelha, romance (1946)
·         O amor do soldado, teatro (1947)
·         O mundo da paz, viagens (1951)
·         Os subterrâneos da liberdade, romance (1954)
·         Gabriela, cravo e canela, romance (1958)
·         A morte e a morte de Quincas Berro d'Água, romance (1959)
·         Os velhos marinheiros ou o capitão de longo curso, romance (1961)
·         Os pastores da noite, romance (1964)
·         O Compadre de Ogum, romance (1964)
·         Dona Flor e Seus Dois Maridos, romance (1966)
·         Tenda dos milagres, romance (1969)
·         Teresa Batista cansada de guerra, romance (1972)

08. Rachel de Queiroz
Romancista
Rachel de Queiroz foi uma tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista prolífica e importante dramaturga brasileira. Autora de destaque na ficção social nordestina. Foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Em 1993, foi a primeira mulher galardoada com o Prêmio Camões. 
Nascimento17 de novembro de 1910, Fortaleza, Ceará
Falecimento4 de novembro de 2003, Leblon, Rio de Janeiro
NacionalidadeBrasileiro

09. Ariano Suassuna (1927-2014)

Poeta brasileiro paraibano, Suassuna foi idealizador do movimento armorial com foco na valorização das artes populares. Teve destaque na literatura de cordel e além de poesia, escreveu romances, ensaios e obras de dramaturgia.

Aqui morava um rei

Aqui morava um rei quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.
Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.
Mas mataram meu pai. Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.
Sua efígie me queima. Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa
Espada de Ouro em pasto ensanguentado.

LITERATURA DO RIO GRANDE DO SUL
01. Mario Quintana (1906-1994)
Poeta brasileiro nascido no Rio Grande Sul, Mario é conhecido por ser o “poeta das coisas simples”. Considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX, teve grande destaque na segunda fase do modernismo no Brasil. Sua obra poética explora temas como o amor, o tempo e a natureza.
Os Poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…

02. Raul Bopp (1898-1984)
Poeta modernista brasileiro, Raul nasceu no Rio Grande do Sul. Participou da Semana de Arte Moderna que inaugurou o movimento modernista no Brasil. Além de poesia, Bopp também escreveu crônicas.
Cobra Norato (trecho da obra) (Mistura lenda e mitos populares)
Um dia
ainda eu hei de morar nas terras do Sem-Fim.

Vou andando, caminhando, caminhando;
me misturo rio ventre do mato, mordendo raízes.
Depois
faço puçanga de flor de tajá de lagoa
e mando chamar a Cobra Norato.

— Quero contar-te uma história:
Vamos passear naquelas ilhas decotadas?
Faz de conta que há luar.

A noite chega mansinho.
Estrelas conversam em voz baixa.

O mato já se vestiu.
Brinco então de amarrar uma fita no pescoço
e estrangulo a cobra.

Agora, sim,
me enfio nessa pele de seda elástica
e saio a correr mundo:
Vou visitar a rainha Luzia.
Quero me casar com sua filha.

— Então você tem que apagar os olhos primeiro.
O sono desceu devagar pelas pálpebras pesadas.
Um chão de lama rouba a força dos meus passos.

03. José Clemente Pozenato (São Francisco de Paula, 22 de maio de 1938) é um escritortradutor e professor brasileiro. Tem vasta produção no gênero da crônica e diversos livros de poesia e ficção, onde explora crítica e realisticamente o cenário e as tradições da região de colonização italiana do Rio Grande do Sul. Sua obra mais aplaudida é o romance histórico O Quatrilho, que recebeu versão cinematográfica indicada para o Oscar.

Outras publicações

·         1967 - Matrícula (poesia)
·         1971 - Vária Figura (poesia)
·         1982 - Carta de Viagem (poesia)
·         1983 - Meridiano (poesia)
·         1985 - O Caso do Martelo (novela policial, adaptada para a televisão)
·         1989 - O Caso do Loteamento Clandestino (novela policial)
·         1990 - O Jacaré da Lagoa (infantil)
·         1993 - Cánti Rústeghi (poesia)
·         1998 - O limpador de fogões (contos)

04. Dyonélio Tubino Machado (Quaraí21 de agosto de 1895 – Porto Alegre19 de junho de 1985) foi um escritor brasileiro -romancistacontistaensaístapoetajornalistapsiquiatra e comunista. Foi um dos principais expoentes da segunda geração do Modernismo no Brasil. Romance de 30

Atemporal e Naziazeno
Fernando Simplício dos Santos já analisou em estudo acadêmico a história de Naziazeno, que — em seu entendimento — mostra o ser humano como um condenado a “sofrer para sobreviver”: “Ele [Naziazeno] está à mercê de um sistema que explora seu corpo e sua mente, refletindo-se nas histórias de outros ‘Naziazenos do Brasil’ — todos à margem dos grandes centros da sociedade capitalista, contundentemente exemplificada em Os ratos pela cidade de Porto Alegre dos anos de 1930 e representada, igualmente, pela nossa sociedade contemporânea. Tal questão mostra a atemporalidade de Os ratos”.

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