segunda-feira, 8 de junho de 2020

HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO

PROF. CRISTINA
A FUGA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA AO BRASIL
- Saída de Portugal: 28 de novembro de 1807.
- Chegada ao Brasil: a comitiva aportou em 22 de janeiro de 1808.
- A fuga foi uma manobra do Príncipe-Regente, D. João, para garantir que Portugal continuasse independente quando foi ameaçado de invasão por Napoleão Bonaparte.
- Na fuga, o apoio da Inglaterra foi fundamental na expulsão das tropas napoleônicas e para a proteção aos navios.

 POR QUE A FAMÍLIA REAL VEIO PARA A COLÔNIA BRASILEIRA?
- Em 1806, Napoleão Bonaparte decretou o BLOQUEIO CONTINENTAL, o qual proibia que os países europeus comercializassem com Inglaterra.
- Com a Espanha, negociou secretamente o Tratado de Fontainebleau (1807), no qual os espanhóis permitiriam aos franceses atravessar a Espanha para invadir Portugal. Em troca, a Espanha ficaria com uma parte do território português.
- Como Portugal não assinou o Bloqueio Continental, devido à longa aliança política e comercial com os ingleses, Napoleão ordenou a invasão de Portugal em novembro de 1807.
- Antes disso, em 22 de outubro de 1807, D. João e o rei da Inglaterra Jorge III (1738-1820) assinaram um acordo secreto que transferia a sede da monarquia portuguesa para o Brasil.
- Por esse acordo, ficava estabelecido que as tropas britânicas se instalariam na lha da Madeira temporariamente e o  o governo português comprometeu-se em assinar um tratado comercial com a Inglaterra após fixar-se no Brasil.
- D. João, determinou que toda a família real seria transferida para o Brasil. Também viajariam os ministros e empregados, totalizando 15,7 mil pessoas que representavam 2% da população portuguesa.
                                                        
                                                      O EMBARQUE

- Para a transferência da Família Real, foram necessários:oito naus, três fragatas, três brigues e duas escunas para o transporte. Outros 4 navios da esquadra britânica acompanhavam a corte.

LEMBRANDO QUE:
- NAU: navio de grande porte, com três mastros, velas redondas, fortemente armado.
- FRAGATA: navio de guerra a vela, de três mastros, com apenas uma ou duas cobertas de canhões.
- BRIGUES: navio com dois mastros com velas quadradas transversais.
- ESCUNAS: veleiro caracterizado por usar velas de popa a proa em dois ou mais mastros. 

- Foram trazidos, além das pessoas, móveis, documentos, dinheiro, obras de arte e a real biblioteca. Aos que ficaram, foi orientado que recebessem os invasores de maneira pacífica para evitar derramamento de sangue.
- O comandante francês da invasão, general Junot (1771-1813), ficou em Portugal até agosto de 1808 quando foi derrotado pelos ingleses. Depois disso, Portugal passa a ser governado pelo Conselho de Regência integrados por fidalgos do reino.

COMO FOI A TRAVESSIA?
- A viagem não foi agradável. Ocorreu em condições insalubres e durou 54 dias até Salvador, na Bahia. Desembarcaram no dia 22 de janeiro de 1808 e, na capital baiana foram recebidos com festas. Permaneceram  ali por mais de um mês.
- Na Bahia, D. João  assinou o Tratado de Abertura dos Portos às Nações Amigas e criou a Escola de Cirurgia da Bahia.
- No dia 26 de fevereiro, a corte partiu para o Rio de Janeiro, que seria declarada capital do Império.
- Em 7 de março de 1808 chegaram ao Rio de Janeiro. Havia poucas moradias para acomodar a comitiva, então muitas residências foram solicitadas para recebê-los.
- As moradias que eram escolhidas pelos nobres recebiam em sua fachada a inscrição P.R., que significava "Príncipe Regente" e indicava que os moradores deveriam sair da mesma para disponibilizar o imóvel.
OBS.: A população interpretou a sigla, ironicamente, como "Ponha-se na Rua".

CONSEQUÊNCIAS DA CHEGADA DA FAMÍLIA REAL
- Quartéis e conventos também foram usados para acomodar a corte.
- A chegada da Família Real e sua comitiva contribuiu para significativas mudanças no Rio de Janeiro, pois foram realizados melhoramentos e levantados novos edifícios públicos.
- O mesmo ocorreu com o mobiliário e a moda.
- Com a abertura dos portos, o comércio foi diversificado, passando a oferecer serviços como o de cabeleireiros, chapeleiros, modistas.
- D. João também abriu a Imprensa Régia, de onde surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Foram criadas a Academia da Marinha, a Academia Militar, o Jardim Botânico, a Real Fábrica de Pólvora, Laboratório Químico-Prático, etc.

VIDA CULTURAL
- A arte, está entre os setores que mais recebeu impacto da transferência da corte. A Real Biblioteca de Portugal foi transferida integralmente de Lisboa para o Rio de Janeiro, em 1810.
- O acervo inicial, de 60 mil volumes, era composto por livros, mapas, manuscritos, estampas e medalhas e foi a base para a atual Biblioteca Nacional.
- Para o entretenimento dos integrantes da corte, foi fundado em 1813 o Real Teatro São João, onde atualmente se encontra o Teatro João Caetano.
- Na música, o compositor português Marcos Portugal se encontrou com um talento a altura do Padre José Maurício, e dessa rivalidade, surgiram as mais belas melodias nas Américas.
- Com o fim das guerras napoleônicas, vários artistas franceses se veem sem trabalho e recorrem a D. João para seguir suas carreiras. Tem início, a chamada Missão Francesa que possibilitou a abertura da Escola Real de Artes Ciências e Ofícios.
- Com o objetivo  de estreitar os laços comerciais e políticos com os ingleses, D. João assina, em 1810, o Tratado de Aliança e Amizade, de Comércio e Navegação com o Reino Unido. 

Tratado de Aliança e Amizade, de Comércio e Navegação
O  TRATADO ESTABELECIA:
* O direito da extraterritorialidade:Os súditos ingleses que cometessem crimes em domínios portugueses seriam processados por magistrados ingleses, segundo a lei inglesa;
* A permissão para construir cemitérios e templos protestantes;
* A segurança de que a Inquisição não seria implantada no Brasil e, desta maneira, os protestantes não seriam incomodados;
* Vantagens comerciais: O imposto de importação de produtos ingleses seria de 15%, ou seja, os produtos portugueses, 16%, e os demais países, 24% em nossas alfândegas.
* O compromisso do fim do tráfico negreiro em vistas da abolição da escravidão.

https://www.todamateria.com.br/a-vinda-da-familia-real-para-o-brasil/

ATIVIDADES:
1- O ano de 2008 assinalou os duzentos anos da chegada da Família Real ao Brasil. Sobre isso assinale a alternativa correta.
(A) A monarquia que chegava ao Brasil representava, em realidade, boa parte dos ideais da Revolução Francesa e do liberalismo europeu daquele período.
(B)As motivações da vinda da Família Real para o Brasil estão relacionadas mais à realidade europeia do período do que à ideia de desenvolvimento de um Brasil monárquico e posteriormente independente de Portugal.
(C)Foi incentivada a manifestação pública de nossos problemas, seguindo as práticas liberais e laicas da monarquia portuguesa.
(D) Chegando ao Brasil, o monarca trabalhou muito para a ampliação da cidadania.
(E) A política de terras foi imediatamente implementada e, em 1810, o Brasil realizava sua primeira reforma agrária.

2- Sobre a vinda da Coroa Portuguesa para o Brasil, é correto afirmar que:
(A) O bloqueio continental decretado por Napoleão Bonaparte foi a gota d´água para a mudança da sede da corte.
(B) Apesar da vinda da família real para o Brasil, o monopólio comercial de Portugal continuou.
(C) A abertura dos portos brasileiros às nações amigas beneficiou principalmente à Inglaterra.
(D) O tratado de 1810 estabelecia que a taxa alfandegária sobre produtos portugueses vendidos para o Brasil subiria para 30%.
(E) A abertura dos portos beneficiou o desenvolvimento industrial do Brasil.

3- A chegada da Família Real e da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808 introduziu grandes mudanças na sociedade brasileira. Os grandes proprietários rurais e negociantes aglutinaram-se ainda mais do que antes ao redor da Família Real. Isso permitiu que, no contexto da independência (1822), alguns fenômenos permanecessem. Tendo em vista esses processos, considere as seguintes afirmativas:

1- A escravidão foi mantida, sem que os poucos questionamentos a ela conseguissem prevalecer nem nos projetos de Independência, nem na elaboração de um projeto de Constituição em 1823, nem ainda na Constituição outorgada em 1824.
2- O fim do laço colonial formal com Portugal permitiu a intensificação da relação de dependência frente à Inglaterra.
3- A escravidão atingiu seu auge no Brasil imediatamente após a Independência, ao mesmo tempo em que as negociações internacionais pelo reconhecimento desta última levaram à tentativa de supressão do tráfico de escravos africanos em 1830.
4- O apoio inglês à manutenção da escravidão e do tráfico de escravos permitiu que o cativeiro permanecesse no Brasil até 1888.
Assinale a alternativa correta.
A) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
B) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
C) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
D) Somente a afirmativa 2 é verdadeira.
E) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.

4- “D. João sabia que ele e Portugal estavam numa enorme encrenca. Ou cedia a Napoleão e aderia ao Bloqueio Continental, ou aceitava a oferta dos aliados ingleses, que garantiam proteger o rei na viagem para o Brasil, levando junto a família real, a maior parte da nobreza, seus tesouros e todo aparato do Estado. Aparentemente, era uma oferta generosa. Na prática, tratava-se de uma chantagem. Se o príncipe regente ficasse do lado de Napoleão, os ingleses não só bombardeariam Lisboa e sequestrariam a frota portuguesa, como muito provavelmente tomariam suas colônias ultramarinas, das quais o país dependia para sobreviver”. GOMES, Laurentino.1808. São Paulo, Ed. Planeta do Brasil, 2008
O Bloqueio Continental decretado por Napoleão tinha por OBJETIVO:
(A) Enfraquecer a Inglaterra economicamente para depois vencê-la militarmente.
(B) Fortalecer o comércio externo francês colocando fim ao mercantilismo.
(C) Enfraquecer o comércio externo português para fortalecer a economia francesa.
(D) Fortalecer as economias Ibéricas tornando estes países aliados da França.
(E) Implantar o Liberalismo Econômico nos países aliados da França.

5- Observe a charge abaixo.
(Fonte: NOVAES, Carlos Eduardo & LOBO, César. História do Brasil para principiantes. São Paulo, Ática, 1998.)
A charge SATIRIZA:
(A) O estabelecimento de casas comerciais inglesas no Brasil.
(B) A procura de produtos ingleses pela população devido aos baixos preços.
(C) O incremento do comércio de produtos brasileiros devido ao desenvolvimento industrial.
(D) A entrada maciça de produtos ingleses no Brasil após a assinatura do Tratado de 1810.
(E) A política protecionista adotada por D.João VI através da concessão de privilégios aos produtos portugueses.

6- “Em minha passagem de bonde por várias ruas da cidade, e de carro por outras, notei desde logo a profunda diferença que ela apresenta em relação ao tempo de minha residência aqui: o seu aspecto é sem dúvida bem outro. O que, porém, mais atraiu minha atenção foi o movimento e a animação, a vida da cidade, fato inteiramente novo para mim; quando daqui retirei-me, as ruas eram pouco frequentadas, salvo nos dias de festas; as famílias só saíam a visitas, e com o chefe da casa ao lado; não havia em geral hábitos de passeios, nem por diversão ao espírito, nem por necessidade higiênica.”
As Transformações urbanas ocorridas nas principais cidades brasileiras, sobretudo, no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XIX, foram reflexos:
(A) Da transferência da Corte para o Brasil em 1808.
(B) Da vinda da missão cultural francesa ao Brasil no ano de 1816.
(C) Da elevação do Brasil à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves.
(D) Da transferência da Capital de Salvador para o Rio de Janeiro.
(E) Da vinda dos imigrantes europeus para as grandes cidades brasileiras. 

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