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PROF. BERNADETE
O gênero épico é estruturado em
versos e estrofes. Sua principal característica é a narração de ações nobres praticadas por heróis representativos da história de um determinado
povo. As epopeias Ilíada e Odisseia, compostas na Grécia Antiga, de autorias atribuídas a Homero, constituem os
modelos mais famosos desse gênero, tendo influenciado a construção de outras epopeias.
Origem do
gênero épico
A palavra epopeia vem do grego épos, “verso”, mais poieô, “faço”, e refere-se à
narrativa, em forma de versos, de um fato grandioso de interesse de um povo.
Trata-se de uma poesia objetiva, impessoal, cuja característica principal é a
presença de um narrador contando fatos do passado.
Quanto ao tema, predomina-se a narração de fatos heroicos da história de
um povo.
Principais
características gênero épico
→ Quanto ao tema
· Narra a aventura de um herói e suas façanhas guerreiras.
· Presença de elementos da mitologia greco-romana.
→ Quanto à estrutura
· Poema narrado em terceira pessoa.
· Divide-se em cantos ou livros.
· Predomínio da objetividade.
· Tende a apresentar as seguintes partes: introdução, invocação, narração e epílogo.
Textos épicos
Homero (928 a.C.-898 a.C.) é considerado o autor das duas mais importantes epopeias do Ocidente.
Destacam-se, no Ocidente, os seguintes textos épicos:
· Ilíada (Homero, Grécia; narrativa sobre a Guerra de Troia)
· Odisseia (Homero, Grécia; narrativa do retorno de Ulisses da Guerra de Troia)
· Eneida (Virgílio, Roma; narrativa dos feitos romanos)
· Os Lusíadas (Camões, Portugal; ída de Vasco da Gama às Índias)
· Caramuru (Santa Rita Durão, Brasil; narra feitos ligados ao início da colonização)
O Uraguai (Basílio da Gama, Brasil; narra a disputa entre jesuítas, índios e portugueses no Rio Grande do Sul)
•Paraíso perdido: epopeia baseada no livro bíblico de Gênesis,
foi escrita em 1667 pelo escritor John Milton e narra a queda do anjo de luz
chamado Lucifer, e a saga de Adão e Eva após comerem o fruto proibido;
A divina Comédia: epopeia escrita no século XIV pelo poeta italiano Dante Alighieri e narra uma viagem alucinada ao Inferno, purgatório e paraíso.
· Ilíada
A epopeia Ilíada narra o drama do herói Aquiles, filho da deusa Tétis e do mortal Peleu, rei de Ftia, na Tessália, envolto com a guerra dos gregos contra os troianos. Essa guerra, segundo a mitologia grega, foi motivada pelo rapto de Helena, esposa do rei de Esparta.
Veja a primeira estrofe do “Canto I” da Ilíada:
Canta-me ó deusa, do Peleio
Aquiles
A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos,
Verdes no Orco lançou mil fortes almas,
Corpos de heróis a cães e abutres pasto:
Lei foi de Jove, em rixa ao discordarem
O de homens chefe e o Mírmidon divino.
Heitor e Aquiles, protagonistas da epopeia “Ilíada”, foram os grandes guerreiros da Guerra de Troia.
A
nomenclatura gênero épico tem sofrido alterações ao longo dos
anos. Atualmente, privilegia-se a substituição da nomenclatura gênero épico
para gênero narrativo, considerada mais atual.
Neste gênero, é feita a narração de
uma história através de uma sequência de várias ações reais ou imaginárias.
Essa sucessão de acontecimentos é contada por um narrador e está estruturada em
introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao longo dessa estrutura narrativa são
apresentados os principais elementos da narração: espaço, tempo, personagem,
enredo e narrador.
Características do gênero narrativo
- É escrito maioritariamente em prosa;
- A ação é contada por um narrador;
- Ocorre a narração de uma sucessão de acontecimentos reais ou
imaginários;
- Apresenta a estrutura básica de introdução, desenvolvimento e
conclusão;
- A ação se desenrola num tempo e num espaço;
- Pode ser utilizado um discurso direto, indireto ou indireto livre.
Subgêneros do gênero narrativo
Romance: Narrativa em prosa, extensa e
complexa, sobre personagens fictícias que vivenciam acontecimentos imaginários
num determinado espaço e tempo. Além de relatar aventuras, os romances habitualmente
traçam perfis psicológicos de personagens, caracterizam uma época e criticam
costumes sociais.
Novela: Narrativa em prosa mais breve do
que o romance e mais extensa do que o conto. Normalmente, apresenta o
desenvolvimento sequencial de vários enredos interligados, sendo uma narração
dinâmica.
Conto: Narrativa em prosa mais breve do
que o romance e a novela, cujo enredo é intenso e rápido, ocorrendo uma ou
poucas ações, vivenciadas num curto espaço de tempo por poucas personagens, que
são superficialmente caracterizadas.
Epopeia ou poesia épica: Narrativa em verso, extensa e
complexa, sobre atos heroicos de uma personagem ou conjunto de personagens em
acontecimentos extraordinários, dignos de serem imortalizados.
Fábula: Narrativa em verso ou em prosa sobre
personagens e fatos fantásticos. Apresenta duas características marcantes: ser
protagonizada principalmente por animais e ter como finalidade transmitir uma
lição de moral, possuindo um cunho educativo.
Crônica: Narrativa em prosa, sucinta e
informal, que aborda temas simples e cotidianos. Faz uma crítica a
acontecimentos do dia a dia, recorrendo ao humor. Tem como objetivo analisar e
criticar a realidade social, política ou cultural. Dos textos literários é o
que mais se aproxima do texto jornalístico.
Ensaio: Narrativa breve e impessoal, em
prosa, cuja finalidade é apresentar ideias, críticas, reflexões e pontos de
vista sobre um assunto. Possui um cunho didático.
A divisão clássica, que remonta à Grécia
antiga, define três gêneros literários: gênero épico, gênero lírico e gênero
dramático.
O gênero épico era então entendido
como extensas narrativas que contavam feitos grandiosos de um herói ou de um
povo, imortalizando os acontecimentos narrados, visto serem de interesse
mundial, como a fundação de cidades, a descobertas de novas terras, a conquista
territorial,...
Usavam uma linguagem elaborada e
narravam os acontecimentos de uma forma extraordinária e sobrenatural, com a
presença de personagens mitológicas que participavam no desenrolar dos
acontecimentos. Muitas dessas narrativas foram feitas em verso - os chamados
poemas épicos.
Com o decorrer do tempo e a evolução
das sociedades, os poemas épicos foram, aos poucos, caindo em desuso, sendo
substituídos por extensas narrativas em prosa - os romances.
Os principais elementos da narrativa,
também chamados de elementos da narração, são:
Espaço: O espaço se refere ao local onde se desenrola a ação. Pode ser
físico (no colégio, no Brasil, na praça,…), social (características do ambiente
social) e psicológico (vivências, pensamento e sentimentos do sujeito,…).
Tempo: O tempo se refere à duração da ação
e ao desenrolar dos acontecimentos. O tempo cronológico indica a sucessão
cronológica dos fatos, pelas horas, dias, anos,… O tempo psicológico se refere
às lembranças e vivências das personagens, sendo subjetivo e influenciado pelo
estado de espírito das personagens em cada momento.
Personagens: São caracterizadas através de qualidades
físicas e psicológicas.
As personagens principais desempenham papéis
essenciais no enredo, podendo ser protagonistas (que deseja, tenta, consegue)
ou antagonistas (que dificulta, atrapalha, impede). As personagens secundárias
desempenham papéis menores e podem ser coadjuvantes (ajudam as personagens
principais em ações secundárias) ou figurantes (ajudam na caracterização de um
espaço social).
Enredo: Também chamado de intriga, trama ou
ação, o enredo é composto pelos acontecimentos que ocorrem num determinado
tempo e espaço e são vivenciados pelas personagens.
Narrador: O narrador é o responsável pela
narração, ou seja, é quem conta a história. Existem vários tipos de narrador:
Estrutura narrativa
Os textos narrativos são estruturados
em introdução, desenvolvimento e conclusão.
Introdução: A introdução se refere à situação
inicial da história. Também chamada de apresentação, é nesta parte da narração
que são apresentados os principais elementos da narração: espaço, tempo,
personagens, enredo e narrador. Ficamos sabendo quem, quando e onde.
Desenvolvimento: Durante o desenvolvimento do
enredo, ocorrem conflitos, ou seja, acontecimentos que quebram o equilíbrio
apresentado na introdução, modificando essa situação inicial. Ficamos sabendo o
quê e como. No desenvolvimento ocorre também o momento mais tenso e emocionante
da história - o clímax.
Conclusão: Também chamada de desfecho,
desenlace ou epílogo, a conclusão é a parte da narração em que se resolvem os
conflitos (positiva ou negativamente). Fica evidenciada a relação existente
entre os diferentes acontecimentos, sendo apresentadas suas consequências.
Exemplo de excerto de texto narrativo:
“E ele, caminhando devagar sob as acácias, sentia no sombrio silêncio as
pancadas desordenadas do seu coração. Subiu os três degraus de pedra – que lhe
pareciam já de uma casa estranha. (…) Ali ficou. Melanie, com o xale na mão,
veio dizer-lhe que a senhora estava na sala das tapeçarias… Carlos entrou. (…)
E correu para ele, arrebatou-lhe as mãos, sem poder falar, soluçando, tremendo
toda.” (Os Maias, Eça de Queirós)
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