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PROF. BERNADETE
HUMANISMO
Veja como o Humanismo foi
importante na Literatura e nas Artes durante a passagem da Idade Média para o
Renascimento no continente Europeu.
O Humanismo foi uma época
de transição entre a Idade Média e o
Renascimento. Como o próprio nome já diz, o ser humano passou a ser
valorizado. Foi nessa época que surgiu uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses não eram nem
servos e nem comerciantes.
Com o aparecimento desta nova classe social foram
aparecendo as cidades e muitos homens que moravam no campo se mudaram para
morar nestas cidades, como consequência o regime feudal de servidão
desapareceu.
Foram criadas novas leis e o poder começou a migrar
das mãos da Igreja Católica e dos reis para as mãos daqueles que, apesar de não
serem nobres ou clérigos, estavam ficando mais ricos. O “status” econômico
passou a ser muito valorizado, muito mais do que o título de nobreza.
As Grandes Navegações trouxeram ao homem de
Portugal confiança de sua capacidade e vontade de conhecer e descobrir várias
coisas. A religião começou a decair (mas não desapareceu) e
o teocentrismo deu lugar ao antropocentrismo,
ou seja, o homem passou a ser o centro de tudo e não mais Deus.
Os artistas começaram a dar mais valor às emoções
humanas. É bom ressaltar que todas essas mudanças não ocorreram do dia para a
noite.
HUMANISMO = TEOCENTRISMO X
ANTROPOCENTRISMO
Manifestações importantes dentro
do Humanismo
Teatro – A Dramaturgia foi a manifestação literária onde ficavam mais
claras as características desse período.
Gil Vicente foi o nome de Portugal que mais se destacou, ele escreveu mais de
40 peças. Sua obra pode ser dividida em dois blocos:
• Autos: peças
teatrais cujo assunto principal é a religião. “Auto da alma” e “Auto da barca
do Inferno” (uma das mais importantes do dramaturgo) são alguns exemplos.
• Farsas: peças cômicas curtas. Enredo baseado no cotidiano.
“Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, “Quem tem farelos?” são
algumas delas.
Gil Vicente (1465 – 1536) iniciou sua obra de teatro com o Monólogo do
Vaqueiro, em 1502, declamado na câmara da rainha D. Maria de Castela.
Ele escreveu 46 peças de teatro que são de cunho
totalmente popular e, entre elas, se destacam:
Farsa de Inês Pereira, Auto da Fé, Auto da Índia, Auto da Lusitânia, Trilogia das Barcas, O Velho da Horta.
A poesia no Humanismo se diferenciou no
Trovadorismo pelos novos recursos introduzidos por ela: novas formas poéticas e
temas novos. Esses recursos se distanciaram da formalidade do Trovadorismo.
O texto O Velho da
Horta está dentro dos padrões do Humanismo literário. Esse
peça conta a história de um senhor que encontra uma moça, enquanto caminha por
sua horta e, encantado com a sua beleza, se apaixona por ela.
Por meio de uma
alcoviteira, o velho tenta se dar bem, porém a única coisa que consegue é
gastar todo seu dinheiro. Finalmente, a alcoviteira é presa e açoitada e a
moça, por quem o velho se apaixonou, casa com outro homem.
Poesia
Em 1516 foi publicada em
Portugal a obra “Cancioneiro Geral”.
Era uma coletânea de poemas de época, organizada por Garcia Rezende. O
Cancioneiro Geral foi a primeira obra impressa em Portugal, e tinha textos em
Português e em Castelhano, retratando a obra de diversos autores com
poemas amorosos, satíricos, religiosos entre outros.
Prosa
Crônicas: registravam a
vida dos personagens e acontecimentos históricos – Fernão Lopes foi o mais importante
cronista (historiador) da época, tendo sido considerado o “Pai da História
de Portugal”.
Foi também o 1º cronista
que atribuiu ao povo um papel importante nas mudanças da história, essa
importância era, anteriormente atribuída somente à nobreza.
1. O humanismo foi
um período de transição entre que períodos?
2. Que classe
social surgiu no Humanismo?
3. Que religião,
que era teocêntrica passou-se a ser _______________, que significa__________
4. No Humanismo
destacou-se _____________, que escreveu ______ e _______.
5. Cite peças
escritas por Gil Vicente.
6. O que era o
Cancioneiro Geral?
7. Quem foi o Pai da História de Portugal?
Personagens do Auto da Barca do Inferno
Diabo: condutor das almas ao Inferno, conhece muito bem cada um dos
personagens que lhe cai às mãos; é zombeteiro, irônico e bom argumentador. Gil
Vicente não pinta o Diabo como responsável pelos fracassos e males humanos; o
Diabo é um juiz, que exibe às claras o lado mais recôndito dos personagens,
penetrando nas consciências humanas e revelando o que cada um deles procura esconder.
Fidalgo: representa a nobreza, e chega com um pajem, tem uma roupagem
exagerada e uma cadeira de espaldar, elementos característicos de seu status
social. O diabo alega que o Fidalgo o acompanhará por ter tido uma vida de
luxúria e de pecados, sendo portanto, condenado pela vida pecaminosa, em que a
luxúria, a tirania e a falta de modéstia pesam como graves defeitos. Ao
Fidalgo, nada lhe valem as compras de indulgências, ou orações encomendadas. A
figura do Fidalgo, arrogante e orgulhoso, permite a crítica vicentina à
nobreza, e é centrada nos dois principais defeitos humanos: o orgulho e a
prática da tirania.
Onzeneiro: o segundo personagem a ser inquirido é o Onzeneiro, usurário que
ao chegar à barca do Diabo descobre que seu rico dinheiro ficara em terra.
Utilizando o pretexto de ir buscar o dinheiro, tenta convencer o Diabo a
deixá-lo retornar, demonstrando seu apreço às coisas mundanas. O Diabo não
aceita que o Onzeneiro volte à terra para reaver suas riquezas, condenando-o ao
fogo do Inferno.
Parvo: um dos poucos a não ser condenado ao Inferno. O Parvo chega
desprovido de tudo, é simples, sem malícia e consegue driblar o Diabo, e até
injuriá-lo. É uma alma pura, cujos valores são legítimos e sinceros. Ao passar
pela barca do Anjo, diz ser ninguém. Então, por sua humildade e por seus
verdadeiros valores, é conduzido ao Paraíso. Em várias passagens da peça, o
Parvo ironiza a pretensão de outros personagens, que se querem passar por
"inocentes" diante do Diabo.
Sapateiro: representante dos mestres de ofício, que chega à embarcação do
Diabo carregando seu instrumento de trabalho, o avental e as formas. É um
desonesto explorador do povo. Habituado a ludibriar os homens, procura enganar
o Diabo, que espertamente não se deixa levar por seus artifícios e o condena.
Frade: como todos os representantes do clero, focalizados por Gil
Vicente, o Frade é alegre, cantante, bom dançarino e mau-caráter. Chega
acompanhado de sua amante, e acredita que por ter rezado e estar a serviço da
fé, deveria ser perdoado de seus pecados mundanos. Dá uma lição de esgrima ao
Diabo (que finge não saber manejar uma arma), o que prova a culpa do
espadachim, já que frades não lidam com armas. E contra suas expectativas, é
condenado ao fogo do inferno. Deve-se dosar que Gil Vicente desfecha ardorosa
crítica ao clero, acreditando-o incapaz de pregar as três coisas mais simples:
a paz, a verdade e a fé.
Brísida Vaz: agenciadora de meretrizes, misto de
alcoviteira e feiticeira. Por sua devassidão e falta de escrúpulos, é
condenada. É conhecida de outros personagens que utilizaram em vida seus
serviços. Inescrupulosa, traiçoeira, cheia de ardis, não consegue fugir à
condenação. Personagem que faz o público leitor conhecer a qualidade moral de
outros personagens que com ela se relacionaram.
Judeu: entra acompanhado de seu bode. Detestado por todos, até mesmo pelo
Diabo que quase se recusa a levá-lo, é igualmente condenado, inclusive por não
seguir os preceitos religiosos da fé cristã. Bom lembrar que, durante o reinado
de D. Manuel, houve uma perseguição aos judeus visando à sua expulsão do
território português; alguns se foram, carregando grandes fortunas; outros,
converteram-se ao cristianismo, sendo tachados cristãos novos.
Corregedor e o Procurador: ambos representantes do
judiciário: juiz e advogado. Deveriam ser exemplos de bom comportamento e
acabaram sendo condenados justamente por serem tão imorais quanto os mais
imorais dos mortais, manipulando a justiça de acordo com as propinas recebidas,
pois faziam da lei sua fonte de recursos ilícitos e de manipulação de
sentenças. A índole moralizadora do teatro vicentino fica bastante patente com
mais essa condenação, envolvendo a Justiça humana, na figura dos representantes
do Direito.
Enforcado: chega ao batel acreditando ter o perdão garantido por seu
julgamento terreno e posterior condenação à morte. Isso teriam lhe redimido dos
pecados, mas é condenado também a ir para o Inferno.
Cavaleiros Cruzados: finalmente chegam à barca
quatro cavaleiros cruzados, que lutam pelo triunfo da fé cristã e morrem em
poder dos mouros. Obviamente, com uma ficha impecável, serão todos julgados,
perdoados e conduzidos à Barca da Glória.
Cada um dos personagens focalizados adentram a morte com seus instrumentos terrenos, são venais, inconscientes e por causa de seus pecados não atingem a Glória, a salvação eterna. Destaque deve ser feito à figura do Diabo, personagem vigorosa que, como vimos, conhece a arte de persuadir, é ágil no ataque, zomba, retruca, argumenta e penetra nas consciências humanas. Ao Diabo cabe denunciar os vícios e as fraquezas, sendo o personagem mais importante na crítica que Gil Vicente tece de sua época.
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