HUMANISMO
O Humanismo é o nome dado a uma corrente filosófica e artística
que surgiu no século XV na Europa.
Na literatura, ele representou o período de transição (escola literária)
entre o Trovadorismo e o Classicismo, bem como da Idade Média para a Idade
Moderna.
Note que o termo “Humanismo” abriga diversas concepções. No geral,
corresponde ao conjunto de valores filosóficos, morais e estéticos que focam no
ser humano, daí surge seu nome. Do latim, o termo humanus significa
“humano”.
Trata-se de uma ciência que permitiu ao homem compreender melhor o mundo
e o próprio ser. Isso ocorreu durante o período do Renascimento Cultural.
Homem Vitruviano
(1590) de Leonardo da Vinci: símbolo do antropocentrismo humanista
- Racionalidade
- Antropocentrismo
- Cientificismo
- Modelo Clássico
- Valorização do corpo humano e das emoções
- Busca da beleza e perfeição
Humanismo
em Portugal
O marco inicial do humanismo literário português foi a nomeação de Fernão Lopes para
cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418.
O movimento com foco na prosa, poesia e teatro, terminou com a chegada do
poeta Sá de Miranda da Itália em 1527.
Isso porque ele trouxe inspirações literárias baseadas na nova medida
chamada de “dolcestilnuevo” (Doce estilo novo). Esse fato permitiu o
início do classicismo como escola literária.
Autores e Obras
O teatro popular, a poesia palaciana e a crônica histórica foram os
gêneros mais explorados durante o período do humanismo em Portugal.
Gil Vicente (1465-1536)
foi considerado o pai do teatro português, escrevendo “Autos” e
“Farsas”, dos quais se destacam:
- Auto da
Visitação (1502)
- O Velho da
Horta (1512)
- Auto da Barca do Inferno (1516)
- Farsa de Inês
Pereira (1523)
Fernão Lopes
(1390-1460) foi o maior representante da prosa historiográfica humanista, além de fundador da historiografia
portuguesa. De suas obras merecem destaque:
- Crônica de
El-Rei D. Pedro I
- Crônica de
El-Rei D. Fernando
- Crônica de
El-Rei D. João I
Com destaque para a poesia palaciana, Garcia de Resende (1470-1536) foi o
maior representante com sua obra Cancioneiro Geral (1516).
Produções
Literárias
O período humanista possuía produções literárias que mesclavam
características medievais e modernas. Entre elas, estavam:
→
Poesia Palaciana: proveniente
das cantigas do Trovadorismo, possuía, porém, uma estrutura textual mais
elaborada – redondilhas, ambiguidades, aliterações, assonâncias, figuras de
linguagem, idealismo, sensualidade, métrica, ritmo e expressividade – e não
era mais acompanhada por música, mas feita para ser recitada dentro
dos palácios, para a nobreza.
Uma coletânea de poesias chamada Cancioneiro Geral reuniu
2865 autores e foi publicada em 1516. Essa organização foi realizada pelo poeta
português Garcia Resende (1482-1536).
Os principais temas presentes nesse tipo de produção eram os costumes da
corte, temas religiosos, satíricos, líricos e heroicos.
Exemplo de Poesia
Palaciana:
Meu amor tanto vos
quero,
que deseja o
coração
mil cousas contra a
razão.
Porque, se vos não
quisesse,
como poderia ter
desejo que me
viesse
do que nunca pode
ser?
Mas conquanto
desespero,
e em mim tanta
afeição,
que deseja o
coração.
(Aires Teles)
→ Prosa: A prosa humanista era dividida entre as crônicas
historiográficas e as crônicas ficcionais (novelas de cavalaria).
Principais
Humanistas
Os humanistas eram os estudiosos da cultura antiga que se dedicavam,
sobretudo, aos estudos dos textos da antiguidade clássica greco-romana.
Petrarca, Dante Alighieri e Boccaccio são
certamente os poetas italianos humanistas que merecem destaque.
Todos eles foram influenciados por características do período como o
culto às línguas e às literaturas greco-latinas (modelo clássico).
Contexto
Histórico
A época renascentista foi um momento de importantes transformações na
mentalidade europeia.
Assim, com a invenção da imprensa, as grandes navegações, a crise do
sistema feudal e o aparecimento da burguesia, surge uma nova visão do ser
humano.
Essa mudança veio questionar os velhos valores num impasse desenvolvido
entre a fé a razão.
Nesse momento, o teocentrismo (Deus
como centro do mundo) e a estrutura hierárquica medieval (nobreza-clero-povo)
sai de cena, dando lugar ao antropocentrismo (homem como centro do mundo). Esse último, foi o ideal central do
humanismo renascentista.
Humanismo Renascentista
O Humanismo Renascentista (XIV e XVI), nascido em Florença na Itália, foi
um movimento intelectual de valorização do homem.
Tem o antropocentrismo como sua principal característica, em detrimento
do teocentrismo que vigorou durante a Idade Média.
Surgido na Itália no século XV, o Humanismo rapidamente difundiu-se pela
Europa durante o século XVI. Ele se desenvolveu em diversos campos do
conhecimento e das artes: literatura, escultura, artes plásticas, etc.
Humanismo é
o nome dado ao período literário que assinala a transição do teocentrismo
medieval para o antropocentrismo renascentista. O Humanismo em Portugal cunhou
dois grandes talentos: Fernão Lopes, iniciador da historiografia portuguesa, e Gil
Vicente, iniciador do
teatroportuguês.
O Auto da
Barca do Inferno ou Auto da Moralidade é uma obra de
dramaturgia que foi escrita em 1517 pelo escritor humanista português Gil
Vicente.
Essa peça é uma das
mais emblemáticas do dramaturgo, considerado o “pai do teatro português”.
Foi encenada em 1531
e faz parte da Trilogia das Barcas, ao lado do Auto da Barca do
Purgatório e o Auto da Barca da Glória.
Lembre-se que “auto”
é um gênero que surgiu na Idade Média. São textos curtos de temática cômica e
geralmente formados por um único ato.
Resumo
e Análise da Obra
Por meio da presença
de dois barqueiros, o Anjo e o Diabo, eles recebem as almas dos passageiros que
passam para o outro mundo.
A cena passa-se num
porto e portanto, um dos barcos vai em direção ao céu, e outro para o inferno.
A maioria dos
personagens vão para a barca do inferno. Durante suas vidas não seguiram o
caminho de Deus, foram trapaceiros, avarentos, interesseiros e cometeram
diversos pecados.
Por outro lado, quem
seguia os preceitos de Deus e viveu de maneira simples vai para a barca de
Deus. São eles: Joane, o parvo, e os quatro cavaleiros.
O Auto da
Barca do Inferno é um grande clássico da literatura portuguesa. Ele
possui diversas sátiras envolvendo a moralidade.
Pelo destino das
almas de alguns personagens, a obra satiriza o juízo final do catolicismo, além
da sociedade portuguesa do século XVI
A alegoria do juízo final
é um recurso utilizado pelo dramaturgo através de seus personagens (diabo e
anjo).
Além disso, cada
personagem possui uma simbologia associada à falsidade, ambição, corrupção,
avareza, mentira, hipocrisia, etc.
Personagens e seus Pecados
- Diabo:
capitão da barca do Inferno.
- Anjo:
capitão da barca do Céu.
- Fidalgo:
tirano e representante da nobreza. Teve uma vida voltada para o luxo e vai
para o inferno.
- Onzeneiro:
homem ganancioso, agiota e usurário. Por ter sido um grande avarento na
vida ele vai para o inferno.
- Joane,
o parvo: personagem inocente que teve uma vida
simples. Portanto, ele vai para o céu.
- Sapateiro:
homem trabalhador, mas que roubou e enganou seus clientes. Assim, ele vai
para o inferno.
- Frade:
representante da Igreja, que vai para o inferno. Isso porque ele tinha uma
amante, Florença, e não seguiu os princípios do catolicismo.
- Brígida
Vaz: alcoviteira condenada por bruxaria e prostituição
que vai para o inferno.
- Judeu:
personagem que foi recusado pelo Diabo e pelo Anjo por não ser adepto ao
Cristianismo. Por fim, ele vai para o inferno.
- Corregedor
e Procurador: representantes da lei. Ambos vão para
o inferno, pois foram acusados de serem manipuladores e utilizarem das
leis e da justiça para o bem e interesses pessoais.
- Cavaleiros: grupo de quatro homens que lutaram para disseminar o cristianismo em vida e portanto, são absolvidos dos pecados que cometeram e vão para o céu.
Trecho da obra
Para compreender melhor a linguagem utilizada
pelo escritor, confira abaixo um trecho da obra:
Trecho 1
“DIABO À barca, à barca, houlá!
que temos gentil maré!
- Ora venha o carro a ré!
COMPANHEIRO Feito, feito!
Bem está!
Vai tu muitieramá,
e atesa aquele palanco
e despeja aquele banco,
pera a gente que virá.”
que temos gentil maré!
- Ora venha o carro a ré!
COMPANHEIRO Feito, feito!
Bem está!
Vai tu muitieramá,
e atesa aquele palanco
e despeja aquele banco,
pera a gente que virá.”
Atividades:
01. Além dos temas cristãos, herdados da
Idade Média, o humanismo incorporou decisivamente outros elementos, que foram:
a) os elementos da cultura persa.
b)
os elementos da cultura clássica, grega e romana.
c) os fundamentos teológicos dos heréticos,
como os de Marcião.
d) as estruturas do pensamento de Confúcio.
e) as estruturas do pensamento de Buda.
02. Todos os autores abaixo escreveram obras
em versos, mas somente um as escreveu em um gênero literário diferente dos
demais. Qual?
a) Dom Dinis.
b) Paio Soares de Taveirós.
c) Gil Vicente.
d) Francisco Sá de Miranda.
e) Fernão Lopes.
b) Paio Soares de Taveirós.
c) Gil Vicente.
d) Francisco Sá de Miranda.
e) Fernão Lopes.
03. Caracteriza o teatro de Gil
Vicente:
a) A revolta contra o cristianismo.
b) A obra escrita em prosa.
c) A elaboração requintada dos quadros e
cenários apresentados.
d) A
preocupação com o homem e com a religião.
e) A busca de conceitos universais.
04. A obra de Fernão Lopes tem um caráter:
a) Puramente científico, pelo tratamento documental da matéria histórica;
b) Essencialmente estético pelo predomínio do elemento ficcional;
c) Basicamente histórico, pela fidelidade à documentação e pela objetividade da linguagem científica;
d) Histórico-literário, aproximando-se do moderno romance histórico, pela fusão do real com o imaginário.
e) Histórico-literário, pela seriedade da pesquisa histórica, pelas qualidades do estilo e pelo tratamento literário, que reveste a narrativa histórica de um tom épico e compõe cenas de grande realismo plástico, além do domínio da técnica dramática de composição.
a) Puramente científico, pelo tratamento documental da matéria histórica;
b) Essencialmente estético pelo predomínio do elemento ficcional;
c) Basicamente histórico, pela fidelidade à documentação e pela objetividade da linguagem científica;
d) Histórico-literário, aproximando-se do moderno romance histórico, pela fusão do real com o imaginário.
e) Histórico-literário, pela seriedade da pesquisa histórica, pelas qualidades do estilo e pelo tratamento literário, que reveste a narrativa histórica de um tom épico e compõe cenas de grande realismo plástico, além do domínio da técnica dramática de composição.
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