FONEMA E LETRA
1) O fonema não deve ser
confundido com a letra. Na língua escrita, representamos os fonemas por meio de
sinais chamados letras. Portanto, letra é a representação
gráfica do fonema. Na palavra sapo, por exemplo, a letra s representa
o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra s representa
o fonema /z/ (lê-se zê).
2) Às vezes, o mesmo fonema
pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema
/z/, que pode ser representado pelas letras z, s, x. Exemplos:
Zebra - casamento - exílio
3) Em alguns casos, a mesma
letra pode representar mais de um fonema. A letra x, por exemplo,
pode representar:
- o fonema sê: texto
- o fonema zê: exibir
- o fonema chê: enxame
- o grupo de sons ks: táxi
- o fonema zê: exibir
- o fonema chê: enxame
- o grupo de sons ks: táxi
4) O número de letras nem
sempre coincide com o número de fonemas.
Exemplos:
tóxico
|
fonemas:
|
/t/ó/k/s/i/c/o/
|
letras:
|
t ó x i c o
|
1 2 3 4 5 6 7
|
1 2 3 4 5 6
|
|||
galho
|
fonemas:
|
/g/a/lh/o/
|
letras:
|
g a l h o
|
1 2 3 4
|
1 2 3 4 5
|
5) As letras m e n,
em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos:
compra
conta
conta
Nessas palavras, m e n indicam
a nasalização das vogais que as antecedem.
Veja ainda:
nave: o /n/ é um fonema;
dança: o n não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras a e n.
dança: o n não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras a e n.
6) A letra h, ao
iniciar uma palavra, não representa fonema. Exemplos:
hoje
|
fonemas:
|
ho / j / e /
|
letras:
|
h o j e
|
1 2
3
|
1 2 3 4
|
Exercícios:
1. A palavra que apresenta
tantos fonemas quantas são as letras que a compõem é:
a) importância
b) milhares c) sequer d) técnica e) adolescente |
|
2. Em qual das palavras
abaixo a letra x apresenta não um,
mas dois fonemas?
a) exemplo
b) complexo c) próximos d) executivo e) luxo |
USO DA VÍRGULA
1. Use a vírgula para separar
elementos que você poderia listar
Veja esta frase:
João Maria Ricardo Pedro e
Augusto foram almoçar.
Note que os nomes das pessoas
poderiam ser separados em uma lista:
Foram almoçar:
- João
- Maria
- Ricardo
- Pedro
- Augusto
Isso significa que devem ser
separados por vírgula na frase original:
João, Maria, Ricardo, Pedro e
Augusto foram almoçar.
Note que antes de “e Augusto” não
vai vírgula. Como regra geral, não se usa vírgula antes de “e”. Há
um caso específico que eu explico daqui a pouco. Um outro exemplo:
A sua fronte, a sua boca, o
seu riso, as suas lágrimas, enchem-lhe a voz de formas e de cores… (Teixeira de
Pascoaes)
2. Use a vírgula para separar
explicações que estão no meio da frase
Explicações que interrompem a
frase são mudanças de pensamento e devem ser separadas por
vírgula. Exemplos:
Mário, o moço que traz
o pão, não veio hoje.
Dá-se uma explicação sobre
quem é Mário. Se tivéssemos que classificar sintaticamente o trecho, seria
um aposto.
Eu e você, que somos
amigos, não devemos brigar.
O trecho destacado explica
algo sobre “Eu e você”, portanto deve vir entre vírgulas. A classificação do
trecho seria oração adjetiva explicativa.
3. Use a vírgula para separar
o lugar, o tempo ou o modo que vier no início da frase
Quando um tipo específico de
expressão — aquela que indica tempo, lugar, modo e outros — iniciar a frase,
usa-se vírgula. Em outras palavras, separa-se o adjunto adverbial antecipado.
Exemplos:
Lá fora, o
sol está de rachar!
“Lá fora” é uma expressão que
indica “lugar”. Um adjunto adverbial de lugar.
Semana passada,
todos vieram jantar aqui em casa.
“Semana passada” indica tempo.
Adjunto adverbial de tempo.
De um modo geral, não
gostamos de pessoas estranhas.
“De um modo geral” é sinônimo
de “geralmente”, adjunto adverbial de modo, por isso vai vírgula.
4. Use a vírgula para separar
orações independentes
Orações independentes são
aquelas que têm sentido, mesmo estando fora do texto. Nós já vimos um tipo
dessas, que são as orações coordenadas assindéticas, mas também há outros
casos. Vamos ver os exemplos:
Acendeu um cigarro, cruzou as
pernas, estalou as unhas, demorou o olhar em Mana Maria. (A. de Alcântara Machado)
No exemplo acima, cada vírgula
separa uma oração independente. Elas são coordenadas assindéticas.
Eu gosto muito de
chocolate, mas não posso comer para não engordar.
Eu gosto muito de
chocolate, porém não posso comer para não engordar.
Eu gosto muito de
chocolate, contudo não posso comer para não engordar.
Eu gosto muito de
chocolate, no entanto não posso comer para não engordar.
Eu gosto muito de
chocolate, entretanto não posso comer para não engordar.
Eu gosto muito de
chocolate, todavia não posso comer para não engordar.
Antes de todas essas palavras
aí, chamadas de conjunções adversativas, vai vírgula. Pra quem
gosta de saber os nomes elas se chamam orações coordenadas sindéticas
adversativas.
Agora só faltam mais duas
coisinhas:
Quando se usa vírgula antes de
“e”?
Vimos aí em cima que, como
regra geral, não se usa vírgula antes de “e”. Tem só um caso em que vai
vírgula, que é quando a frase depois do “e” fala de uma pessoa, coisa, ou
objeto (sujeito) diferente da que vem antes dele. Assim:
O sol já ia fraco, e a tarde
era amena. (Graça Aranha)
Note que a primeira frase fala
do sol, enquanto a segunda fala da tarde. Os sujeitos são diferentes.
Portanto, usamos vírgula. Outro exemplo:
A mulher morreu, e cada um dos
filhos procurou o seu destino (F. Namora)
Mesmo caso, a primeira oração
diz respeito à mulher, a segunda aos filhos.
Existem casos em que a vírgula
é opcional?
Existe um caso. Lembra do item
3, aí em cima? Se a expressão de tempo, modo, lugar etc. não for uma expressão,
mas sim uma palavra só, então a vírgula é facultativa. Vai depender do sentido,
do ritmo, da velocidade que você quer dar para a frase. Exemplos:
Depois vamos sair para jantar.
Depois, vamos sair para jantar.
Depois, vamos sair para jantar.
Geralmente gosto de almoçar no
shopping.
Geralmente, gosto de almoçar no shopping.
Geralmente, gosto de almoçar no shopping.
Semana passada, todos vieram
jantar aqui em casa.
Semana passada todos vieram jantar aqui em casa.
Semana passada todos vieram jantar aqui em casa.
Note que esse último é o mesmo
exemplo do item 3. Vê como sem a vírgula a frase também fica correta? Mesmo não
sendo apenas uma palavra, dificilmente algum professor dará errado se você
omitir a vírgula.
Não se usa a vírgula!
Com as regras acima, pode ter
certeza de que você vai acertar 99% dos casos em que precisará da vírgula. Um
erro muito comum que vejo é gente separando sujeito e predicado com
vírgula. Isso é errado, e você pode ser preso se for pego
usando!
Jeito errado:
João, gosta de comer batatas.
Alice, Maria e Luíza, querem
ir para a escola amanhã.
Jeito certo:
João gosta de comer batatas.
Alice, Maria e Luíza querem ir
para a escola amanhã.
O seu Alfredo estava já no fim
da vida e escreveu seu testamento. Infelizmente, ele esqueceu da pontuação, e o
texto ficou assim:
Deixo
minha fortuna a meu sobrinho não à minha irmã jamais pagarei a conta do
alfaiate nada aos pobres
Reescreva o testamento 4
vezes, de forma que em cada uma delas você deve dar a herança pra alguém
diferente. Você pode usar qualquer sinal de pontuação, mas não pode mudar as
palavras.
RESPOSTA
1 – Deixo minha fortuna ao meu
sobrinho? Não, à minha irmã! Jamais pagarei a conta do alfaiate.
Nada aos pobres.
2 – Deixo minha fortuna ao
meu sobrinho, não à minha irmã. Jamais pagarei a conta do alfaiate. Nada
aos pobres.
3 – Deixo minha fortuna ao meu
sobrinho? Não! À minha irmã, jamais. Pagarei a conta do alfaiate? Nada… Aos
pobres.
4 – Deixo minha fortuna ao meu
sobrinho? Não. À minha irmã, jamais. Pagarei a conta do alfaiate.
Nada aos pobres.
2) EXERCÍCIOS RESOLVIDOS – VÍRGULA
a) Possuía lavouras de
trigo linho arroz e soja. (Possuía lavouras de trigo, linha, arroz
e soja.)
A vírgula é obrigatória nesse
caso, porque separa os termos coordenados, em negrito, da oração.
Outro exemplo:
Aos domingos, reuniam-se todos
os filhos, genros, noras, netos e bisnetos para uma agradável confraternização
familiar.
b) Entra logo meu filho porque
está muito tarde. (Entra logo meu filho, porque está muito
tarde)
Utiliza-se vírgula para
separar a maioria das orações coordenadas sindéticas.
c) Dom Pedro I
imperador do Brasil nasceu em Portugal. (Dom Pedro I, imperador do
Brasil, nasceu em Portugal.)A necessidade da vírgula nesse caso, ocorre em
função do aposto (termo explicativo).
d) O coitadinho era feio feio.
(O coitadinho era feio, feio.)
Ocorrência de vírgula em
função de palavras repetidas.
e) Brasília 10
de março de 1996. (Brasília, 10 de março de 1996.)
Utiliza-se a vírgula nesse
caso para separar, na data de um escrito, o nome do lugar.
f) Ganhamos pouco;
devemos portando economizar. (Ganhamos pouco; devemos,
portanto, economizar.)
Conjunção deslocada. A ordem
direta seria: “Ganhamos pouco; portanto…”.
g) Amanhã de manhã o
Presidente viajará para a Bósnia. (Amanhã de manhã, o Presidente viajará para a
Bósnia).
A necessidade de vírgula na
oração acima deve-se ao fato de “Amanhã de manhã” ser adjunto adverbial
deslocado”.
h) Ele fez o mar e o
céu e a terra e tudo quanto há neles. (Ele
fez o mar, e o céu, e a terra, e tudo quanto há neles.)
O uso acima deve-se a presença
de polissíndetos, ou seja, a repetição, no caso, da conjunção “e”.
OBS: Não se utiliza vírgula
para separar oração sindética introduzida pela conjunção “e”. No entanto, no
caso de sujeitos diferentes pode-se utilizar a vírgula:
O sol já ia fraco, e a
tarde era amena.
Para evitar a ambiguidade, a
vírgula é obrigatória:
A vocação do Brasil é a
produção de alimentos, e os setores do agronegócio estão
organizados para produzir e preservar.
No exemplo, a vírgula é
necessária para deixar claro que “os setores do agronegócio” são o sujeito da
segunda oração, e não predicativo do sujeito da primeira. Sem a vírgula, uma
primeira leitura poderia ser “A vocação do Brasil é a produção de alimentos e
os setores do agronegócio”.
Abaixo, outro exemplo
que preenche os dois requisitos para o uso obrigatório da vírgula:
A eleição se dará simultaneamente
às eleições para deputados federais, e os parlamentares do
Mercosul terão mandato de quatro anos.
i) Casa de ferreiro
espeto de pau. (Casa de ferreiro, espeto de pau.)
Ideias paralelas dos
provérbios.
j) A mocinha olhou
sorriu piscou os olhinhos e entrou. (A mocinha olhou, sorriu, piscou
os olhinhos e entrou.)
Caso de oração coordenada
assindética.
l) A noite não
acabava e a insônia a encompridou mais ainda. (A noite não
acabava, e a insônia a encompridou mais ainda.)
Ocorrência de vírgula devido a
presença de oração coordenada sindética aditiva com sujeitos diferentes.
OBS: esse uso não é
obrigatório, no entanto.
OBS: Não se utiliza vírgula
nos casos de orações coordenadas sindéticas introduzidas pela conjunção “e”, a
não ser nos casos previstos nessa lista.
m) O sinal estava
fechado porém os carros não pararam. (O sinal estava fechado,
porém os carros não pararam.)
Utiliza-se vírgula para
separar orações coordenadas sindéticas.
Outras ocorrências:
Vá aonde quiser, porém fique
morando conosco.
Vá aonde quiser, fique, porém,
morando conosco. (Conjunção deslocada.)
n) Quanto mais se
agitava mais preso à rede ficava. (Quanto mais se agitava, mais preso
à rede ficava).
É o caso de oração subordinada
adverbial deslocada.
o) A riqueza que é
flor belíssima causa luto e tristeza. (A riqueza, que é flor
belíssima, causa luto e tristeza).
Utiliza-se vírgula nas orações
subordinadas adjetivas explicativas.
Veja outros exemplos:
Oração adjetiva restritiva
(sem vírgulas)
As cadeiras que são
azuis permanecerão. (Nesse caso, somente permanecerão as cadeiras
azuis. É uma oração restritiva.
Oração adjetiva explicativa
(com vírgula)
As cadeiras, que são
azuis, permanecerão. (Nesse caso, permanecerão todas as cadeiras e elas são
azuis).
p) Venham gritavam
as crianças ver nossos brinquedos. (Venham, gritavam as crianças, ver nossos
brinquedos).
Oração interferente ou
intercalada.
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