segunda-feira, 8 de junho de 2020

LÍNGUA PORTUGUESA - ENSINO MÉDIO

PROF. BERNADETE

FONEMA E LETRA

1) O fonema não deve ser confundido com a letra. Na língua escrita, representamos os fonemas por meio de sinais chamados letras. Portanto, letra é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por exemplo, a letra representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra representa o fonema /z/ (lê-se ).

2) Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que pode ser representado pelas letras z, s, x. Exemplos:

Zebra  -  casamento -  exílio

3) Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra x, por exemplo, pode representar:

- o fonema : texto
- o fonema :  exibir
- o fonema chê: enxame
- o grupo de sons ks: táxi

4) O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.
Exemplos:

tóxico
fonemas:
/t/ó/k/s/i/c/o/
letras:
t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7
1 2 3 4 5 6
galho
fonemas:
/g/a/lh/o/
letras:
g a  l h o
1 2  3  4
1 2 3 4 5

5) As letras m e n, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos:
compra
conta
Nessas palavras, m e n indicam a nasalização das vogais que as antecedem.
Veja ainda:
nave: o /n/ é um fonema;
dança: o não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras a e n.

6) A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema. Exemplos:
hoje
fonemas:
ho / j / e /
letras:
h o j e
1   2   3
1 2 3 4

Exercícios:

1. A palavra que apresenta tantos fonemas quantas são as letras que a compõem é:
a) importância
b) milhares
c) sequer
d) técnica
e) adolescente

2. Em qual das palavras abaixo a letra x apresenta não um, mas dois fonemas?
a) exemplo
b) complexo
c) próximos
d) executivo
e) luxo

USO DA VÍRGULA

1. Use a vírgula para separar elementos que você poderia listar
Veja esta frase:
João Maria Ricardo Pedro e Augusto foram almoçar.
Note que os nomes das pessoas poderiam ser separados em uma lista:
Foram almoçar:
  • João
  • Maria
  • Ricardo
  • Pedro
  • Augusto
Isso significa que devem ser separados por vírgula na frase original:
João, Maria, Ricardo, Pedro e Augusto foram almoçar.
Note que antes de “e Augusto” não vai vírgula. Como regra geral, não se usa vírgula antes de “e”. Há um caso específico que eu explico daqui a pouco. Um outro exemplo:
A sua fronte, a sua boca, o seu riso, as suas lágrimas, enchem-lhe a voz de formas e de cores… (Teixeira de Pascoaes)

2. Use a vírgula para separar explicações que estão no meio da frase
Explicações que interrompem a frase são mudanças de pensamento e devem ser separadas por vírgula. Exemplos:
Mário, o moço que traz o pão, não veio hoje.
Dá-se uma explicação sobre quem é Mário. Se tivéssemos que classificar sintaticamente o trecho, seria um aposto.
Eu e você, que somos amigos, não devemos brigar.
O trecho destacado explica algo sobre “Eu e você”, portanto deve vir entre vírgulas. A classificação do trecho seria oração adjetiva explicativa.

3. Use a vírgula para separar o lugar, o tempo ou o modo que vier no início da frase
Quando um tipo específico de expressão — aquela que indica tempo, lugar, modo e outros — iniciar a frase, usa-se vírgula. Em outras palavras, separa-se o adjunto adverbial antecipado. Exemplos:
Lá fora, o sol está de rachar!
“Lá fora” é uma expressão que indica “lugar”. Um adjunto adverbial de lugar.
Semana passada, todos vieram jantar aqui em casa.
“Semana passada” indica tempo. Adjunto adverbial de tempo.
De um modo geral, não gostamos de pessoas estranhas.
“De um modo geral” é sinônimo de “geralmente”, adjunto adverbial de modo, por isso vai vírgula.

4. Use a vírgula para separar orações independentes
Orações independentes são aquelas que têm sentido, mesmo estando fora do texto. Nós já vimos um tipo dessas, que são as orações coordenadas assindéticas, mas também há outros casos. Vamos ver os exemplos:

Acendeu um cigarro, cruzou as pernas, estalou as unhas, demorou o olhar em Mana Maria. (A. de Alcântara Machado)

No exemplo acima, cada vírgula separa uma oração independente. Elas são coordenadas assindéticas.
Eu gosto muito de chocolate, mas não posso comer para não engordar.
Eu gosto muito de chocolate, porém não posso comer para não engordar.
Eu gosto muito de chocolate, contudo não posso comer para não engordar.
Eu gosto muito de chocolate, no entanto não posso comer para não engordar.
Eu gosto muito de chocolate, entretanto não posso comer para não engordar.
Eu gosto muito de chocolate, todavia não posso comer para não engordar.

Antes de todas essas palavras aí, chamadas de conjunções adversativas, vai vírgula. Pra quem gosta de saber os nomes elas se chamam orações coordenadas sindéticas adversativas. 

Agora só faltam mais duas coisinhas:

Quando se usa vírgula antes de “e”?
Vimos aí em cima que, como regra geral, não se usa vírgula antes de “e”. Tem só um caso em que vai vírgula, que é quando a frase depois do “e” fala de uma pessoa, coisa, ou objeto (sujeito) diferente da que vem antes dele. Assim:
O sol já ia fraco, e a tarde era amena. (Graça Aranha)

Note que a primeira frase fala do sol, enquanto a segunda fala da tarde. Os sujeitos são diferentes. Portanto, usamos vírgula. Outro exemplo:
A mulher morreu, e cada um dos filhos procurou o seu destino (F. Namora)
Mesmo caso, a primeira oração diz respeito à mulher, a segunda aos filhos.

Existem casos em que a vírgula é opcional?
Existe um caso. Lembra do item 3, aí em cima? Se a expressão de tempo, modo, lugar etc. não for uma expressão, mas sim uma palavra só, então a vírgula é facultativa. Vai depender do sentido, do ritmo, da velocidade que você quer dar para a frase. Exemplos:
Depois vamos sair para jantar.
Depois, vamos sair para jantar.
Geralmente gosto de almoçar no shopping.
Geralmente, gosto de almoçar no shopping.
Semana passada, todos vieram jantar aqui em casa.
Semana passada todos vieram jantar aqui em casa.

Note que esse último é o mesmo exemplo do item 3. Vê como sem a vírgula a frase também fica correta? Mesmo não sendo apenas uma palavra, dificilmente algum professor dará errado se você omitir a vírgula.

Não se usa a vírgula!
Com as regras acima, pode ter certeza de que você vai acertar 99% dos casos em que precisará da vírgula. Um erro muito comum que vejo é gente separando sujeito e predicado com vírgulaIsso é errado, e você pode ser preso se for pego usando!

Jeito errado:
João, gosta de comer batatas.
Alice, Maria e Luíza, querem ir para a escola amanhã.
Jeito certo:
João gosta de comer batatas.
Alice, Maria e Luíza querem ir para a escola amanhã.

 1) Exercício sobre vírgula e pontuação
O seu Alfredo estava já no fim da vida e escreveu seu testamento. Infelizmente, ele esqueceu da pontuação, e o texto ficou assim:
Deixo minha fortuna a meu sobrinho não à minha irmã jamais pagarei a conta do alfaiate nada aos pobres

Reescreva o testamento 4 vezes, de forma que em cada uma delas você deve dar a herança pra alguém diferente. Você pode usar qualquer sinal de pontuação, mas não pode mudar as palavras.

RESPOSTA
1 – Deixo minha fortuna ao meu sobrinho? Não, à minha irmã! Jamais pagarei a conta do alfaiate. Nada aos pobres.
2 – Deixo minha fortuna ao meu sobrinho, não à minha irmã. Jamais pagarei a conta do alfaiate. Nada aos pobres.
3 – Deixo minha fortuna ao meu sobrinho? Não! À minha irmã, jamais. Pagarei a conta do alfaiate? Nada… Aos pobres.
4 – Deixo minha fortuna ao meu sobrinho? Não. À minha irmã, jamais. Pagarei a conta do alfaiate. Nada aos pobres.


2)  EXERCÍCIOS RESOLVIDOS – VÍRGULA
a) Possuía lavouras de trigo linho arroz e soja. (Possuía lavouras de trigo, linha, arroz e soja.)
A vírgula é obrigatória nesse caso, porque separa os termos coordenados, em negrito, da oração.

Outro exemplo:
Aos domingos, reuniam-se todos os filhos, genros, noras, netos e bisnetos para uma agradável confraternização familiar.

b) Entra logo meu filho porque está muito tarde. (Entra logo meu filho, porque está muito tarde)
Utiliza-se vírgula para separar a maioria das orações coordenadas sindéticas.

c) Dom Pedro I imperador do Brasil nasceu em Portugal. (Dom Pedro I, imperador do Brasil, nasceu em Portugal.)A necessidade da vírgula nesse caso, ocorre em função do aposto (termo explicativo).

d) O coitadinho era feio feio. (O coitadinho era feio, feio.)
Ocorrência de vírgula em função de palavras repetidas.

e) Brasília 10 de março de 1996. (Brasília, 10 de março de 1996.)
Utiliza-se a vírgula nesse caso para separar, na data de um escrito, o nome do lugar.

f) Ganhamos pouco; devemos portando economizar. (Ganhamos pouco; devemos, portanto, economizar.)
Conjunção deslocada. A ordem direta seria: “Ganhamos pouco; portanto…”.

g) Amanhã de manhã o Presidente viajará para a Bósnia. (Amanhã de manhã, o Presidente viajará para a Bósnia).
A necessidade de vírgula na oração acima deve-se ao fato de “Amanhã de manhã” ser adjunto adverbial deslocado”.

h) Ele fez o mar e o céu e a terra e tudo quanto há neles. (Ele fez o mar, e o céu, e a terra, e tudo quanto há neles.)
O uso acima deve-se a presença de polissíndetos, ou seja, a repetição, no caso, da conjunção “e”.

OBS: Não se utiliza vírgula para separar oração sindética introduzida pela conjunção “e”. No entanto, no caso de sujeitos diferentes pode-se utilizar a vírgula:
O sol já ia fraco, e a tarde era amena.

Para evitar a ambiguidade, a vírgula é obrigatória:
 A vocação do Brasil é a produção de alimentos, e os setores do agronegócio estão organizados para produzir e preservar.
 No exemplo, a vírgula é necessária para deixar claro que “os setores do agronegócio” são o sujeito da segunda oração, e não predicativo do sujeito da primeira. Sem a vírgula, uma primeira leitura poderia ser “A vocação do Brasil é a produção de alimentos e os setores do agronegócio”.

 Abaixo, outro exemplo que preenche os dois requisitos para o uso obrigatório da vírgula:
 A eleição se dará simultaneamente às eleições para deputados federais, e os parlamentares do Mercosul terão mandato de quatro anos.

i) Casa de ferreiro espeto de pau. (Casa de ferreiroespeto de pau.)
Ideias paralelas dos provérbios.

j) A mocinha olhou sorriu piscou os olhinhos e entrou. (A mocinha olhou, sorriu, piscou os olhinhos e entrou.)
Caso de oração coordenada assindética.

l) A noite não acabava e a insônia a encompridou mais ainda. (A noite não acabava, e a insônia a encompridou mais ainda.)
Ocorrência de vírgula devido a presença de oração coordenada sindética aditiva com sujeitos diferentes.

OBS: esse uso não é obrigatório, no entanto.

OBS: Não se utiliza vírgula nos casos de orações coordenadas sindéticas introduzidas pela conjunção “e”, a não ser nos casos previstos nessa lista.

m) O sinal estava fechado porém os carros não pararam. (O sinal estava fechado, porém os carros não pararam.)
Utiliza-se vírgula para separar orações coordenadas sindéticas.

Outras ocorrências:
Vá aonde quiser, porém fique morando conosco.
Vá aonde quiser, fique, porém, morando conosco. (Conjunção deslocada.)

n) Quanto mais se agitava mais preso à rede ficava. (Quanto mais se agitava, mais preso à rede ficava).
É o caso de oração subordinada adverbial deslocada.

o) A riqueza que é flor belíssima causa luto e tristeza. (A riqueza, que é flor belíssima, causa luto e tristeza).
Utiliza-se vírgula nas orações subordinadas adjetivas explicativas.

Veja outros exemplos:
Oração adjetiva restritiva (sem vírgulas)
As cadeiras que são azuis permanecerão. (Nesse caso, somente permanecerão as cadeiras azuis. É uma oração restritiva.

Oração adjetiva explicativa (com vírgula)
As cadeiras, que são azuis, permanecerão. (Nesse caso, permanecerão todas as cadeiras e elas são azuis).

p) Venham gritavam as crianças ver nossos brinquedos. (Venham, gritavam as crianças, ver nossos brinquedos).
Oração interferente ou intercalada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário