A Semana
de Arte Moderna de 1922 foi um evento de caráter artístico e
antiacadêmico que inaugurou o
Modernismo no Brasil. Ele ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo,
nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, em comemoração ao centenário da
Independência do Brasil. Artistas como Mário de Andrade, Anita Malfatti e
Victor Brecheret participaram da Semana de 22.
Resumo
sobre a Semana de Arte Moderna de 1922
·
A Semana
de Arte Moderna de 1922 aconteceu no final da República Velha.
·
O evento
pretendia estimular a produção e recepção de uma nova arte brasileira.
·
A Semana
de 22 foi um evento de caráter artístico, subversivo e antiacadêmico.
·
Ocorreu
nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo.
·
Participaram
artistas como Anita Malfatti, Oswald de Andrade e Heitor Villa-Lobos.
Contexto
histórico da Semana de Arte Moderna de 1922
A Semana
de Arte Moderna de 1922 tem lugar no final da
República Velha, período histórico brasileiro marcado pela política
do café com leite. Isso porque o poder estava nas mãos dos produtores de café
de São Paulo e dos pecuaristas de Minas Gerais. Porém, essa república
oligárquica estava em plena decadência.
Portanto,
desde a Proclamação da República, em 1889, o país se mantinha política e
culturalmente conservador. Então, como reação ao conservadorismo e
inspirados pelos artistas das vanguardas europeias, alguns artistas
brasileiros promoveram a Semana de 22, no ano do centenário da
Independência do Brasil.
Vanguardas
europeias
“O
grito”, de Edvard Munch, foi uma das obras precursoras das vanguardas
europeias, trazendo a ruptura com as artes tradicionais.
São
chamadas vanguardas europeias as diversas tendências
artísticas que floresceram no continente europeu no início do século XX e
que acabaram por influenciar todo o mundo ocidental. Em busca de uma
ressignificação do que era considerado arte, os artistas das vanguardas romperam com
todas as tradições anteriores, fazendo diversas experimentações com
materiais e técnicas diversos, consolidando o caminho para o surgimento da
chamada arte moderna. São elas:
·
Futurismo
Surrealismo
·
Cubismo
·
Expressionismo
·
Dadaísmo
“Vanguarda”
é o nome dado às tropas militares que vão à frente em um exército, àqueles que
são os primeiros – por isso a palavra metaforicamente também significa “pioneirismo”,
justamente o que esses artistas representaram.
Resumo
sobre vanguardas europeias
·
As
vanguardas europeias foram tendências artísticas que tomaram a cena na Europa
no início do século XX;
·
Foram
movimentos de ruptura com a arte tradicional;
·
A
proposta era libertar a arte e a cultura das amarras e parâmetros estabelecidos
até então;
·
Resultaram
dos avanços e mudanças promovidos pela massiva industrialização e urbanização
da Europa: a aceleração, a eletricidade, a máquina, tudo modificava o modo de
viver da humanidade e exigia, portanto, uma nova maneira de fazer arte;
·
Espalharam-se
por todo o mundo ocidental, influenciando a consolidação da arte moderna em
diversos países, incluindo o Brasil;
·
Cada um
dos movimentos da arte de vanguarda tinha suas próprias características: foi a
época dos “ismos”;
·
Expressionismo, cubismo,
futurismo, dadaísmo e surrealismo foram os principais movimentos das vanguardas
europeias.
Contexto
histórico das vanguardas europeias
O início
do século XX foi marcado por uma grande mudança de
paradigma na Europa. A Segunda
Revolução Industrial havia popularizado grandes invenções, como
a luz elétrica e o carro movido a gasolina, além da produção em larga escala de
bens de consumo, acelerando o ritmo da vida como um todo.
As cidades cresciam,
graças à industrialização, tornando-se grandes metrópoles. As ciências avançavam: Einstein publicava
sua teoria da
relatividade, em 1905, e Freud propunha
uma análise dos processos mentais, o que desembocou no surgimento de uma nova
ciência, a psicanálise, entre outras descobertas.
Era o
alvorecer de uma nova era, com uma nova mentalidade e maneira de viver e
perceber o mundo. A arte, portanto, precisava também se modificar para ser
capaz de apreender essa postura atual da modernidade. Além disso, a
fotografia, invenção do século XIX, aprimorava-se cada vez mais, o que tornava
dispensável uma arte meramente mimética (arte imitada), e o cinema também
despontava como novo formato artístico.
Esse
ambiente tecnologicamente efervescente, contudo, não proporcionou o fim da fome
e da miséria, por exemplo, nem foi capaz de solucionar os problemas da
humanidade. Ao contrário, foi palco de um conflito tenebroso, de
proporções nunca antes vistas: a Primeira
Guerra Mundial (1914-1918), evento que sacudiu diretamente os
últimos movimentos das vanguardas, dando aos artistas uma postura ainda
mais questionadora da tradição e
do entusiasmo com a modernização ascendente do período.
Quais são
as vanguardas europeias?
Expressionismo: entendida como a primeira
vanguarda, valorizava a arte primitiva e a gravura. Foram os
primeiros a postular que a arte não deveria seguir uma representação mimética
da realidade, algo em comum com todas as outras vanguardas. Para os
expressionistas, a arte deveria expressar a realidade subjetiva, que parte da
percepção de cada um. Figuras deformadas, cores vibrantes e estética
do grotesco são algumas de suas características.
Paisagem chuvosa, de Wassily Kandinsky.
Pioneiro do movimento abstracionista e também pertencente à estética
expressionista.
·
Futurismo: contaminados pelo entusiasmo da
modernização acelerada das cidades que se tornavam metrópoles, os
futuristas cultuavam a velocidade, a máquina, as
invenções, glorificando o mundo moderno industrializado e propondo experimentos
estéticos que refletiam essa aceleração e dinamismo. Entusiastas também do
patriotismo, muitos de seus seguidores acabaram por apoiar declaradamente
o fascismo italiano,
de Benito Mussolini.
·
Surrealismo: impulsionados pela teoria
psicanalítica de Freud,
os surrealistas propuseram uma arte que aborda o universo onírico e
do inconsciente, abolindo as fronteiras entre o sonho e a
realidade, entre a lucidez e o delírio. O surrealismo proporcionou novas
técnicas de composição artística, valorizando os processos não
racionais do cérebro em oposição à objetividade cientificista e
mecanicista.
·
Cubismo: em busca da ruptura com a
tradição artística consolidada e em consonância com a nova realidade
industrial, em que o tempo é mais acelerado, os cubistas tinham como principal
característica o banimento da perspectiva plana e a geometrização
das formas. Diferentes perspectivas sobrepõem-se, inovando as artes
plásticas e a literatura, fazendo uso da técnica da colagem e
da representação de diversas perspectivas ao mesmo tempo.
Retrato de Pablo Picasso, grande nome do cubismo, de
autoria de Juan Gris, também cubista.
·
Dadaísmo: provocador, inovador e
arrojado, os dadaístas foram bastante impactados pela catástrofe e matança
generalizada da Primeira
Guerra Mundial, que incutiu nos artistas um desprezo ainda maior
pela cultura tradicional. Abolindo as leis da lógica e tendo
como lema “a destruição também é criação”, o dadaísmo foi, das
artes de vanguarda, a que mais valorizou a ruptura, negando todos os valores
vigentes, todas as regras e todas as tradições, propondo uma “antiarte”.
Objetivos
da Semana de Arte Moderna de 1922
Os
artistas da Semana de Arte Moderna de 1922 pretendiam apresentar ao
público brasileiro as novas tendências artísticas do início do século XX.
Na Europa, movimentos como o
Cubismo, Futurismo, Surrealismo e Expressionismo contestavam os
valores tradicionais da arte. E no Brasil, não podia ser diferente.
As obras
expostas na Semana de 22 tinham caráter inovador e, portanto, antiacadêmico.
Desse modo, o evento tinha como objetivo estimular a produção e a
valorização de uma nova arte nacional, condizente com a produção artística
europeia. Era preciso repensar a história do Brasil e os valores tradicionais
dessa nação.
Características
da Semana de Arte Moderna
A Semana
de Arte Moderna de 1922 contestava os valores vigentes até então. Era,
portanto, um evento subversivo, antirromântico e antiacadêmico. E
celebrava, com dinamismo e alegria, a inovação estética da arte nacional. Essa
ruptura com o passado foi feita com bastante
ironia e espírito provocativo.
Como
aconteceu a Semana de Arte Moderna de 1922?
Durante
os dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, o Teatro
Municipal de São Paulo expôs obras e foi palco da apresentação de artistas na
Semana de Arte Moderna de 1922. O público do evento era a elite paulistana,
acostumada com a arte tradicional. Além dos concertos, espetáculos de dança e
declamação de poemas, houve também a apresentação de conferências que
buscavam refletir sobre a arte moderna.
Principais
artistas da Semana de Arte Moderna de 1922
·
Graça
Aranha (1868-1931) — escritor.
·
Georg
Przyrembel (1885-1956) — arquiteto.
·
Manuel
Bandeira (1886-1968) — escritor.|1|
·
Heitor
Villa-Lobos (1887-1959) — musicista.
·
Ernani
Braga (1888-1948) — musicista.
·
Anita
Malfatti (1889-1964) — pintora.
·
Oswald de
Andrade (1890-1954) — escritor.
·
Guilherme
de Almeida (1890-1969) — escritor.
·
Antonio
Moya (1891-1949) — arquiteto.
·
John Graz
(1891-1980) — pintor.
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Wilhelm
Haarberg (1891-1986) — escultor.
·
Ferrignac
(1892-1958) — pintor.
·
Menotti
del Picchia (1892-1988) — escritor.
·
Ronald de
Carvalho (1893-1935) — escritor.
·
Mário de
Andrade (1893-1945) — escritor.
·
Victor
Brecheret (1894-1955) — escultor.
·
Guiomar
Novaes (1894-1979) — musicista.
·
Frutuoso
Viana (1896-1976) — musicista.
·
Di
Cavalcanti (1897-1976) — pintor.
·
Ribeiro
Couto (1898-1963) — escritor.
·
Sérgio
Milliet (1898-1966) — escritor.
·
Yan de
Almeida Prado (1898-1991) — pintor.
·
Vicente
do Rego Monteiro (1899-1970) — pintor.
·
Zina Aita
(1900-1967) — pintora.
·
Sérgio
Buarque de Holanda (1902-1982) — escritor.
·
Alberto
Martins Ribeiro — pintor.
Principais
obras da Semana de Arte Moderna
O homem amarelo no selo em comemoração aos 100
anos de Anita Malfatti.
·
O homem amarelo, de Anita Malfatti.
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Cabeça de Cristo, de Victor Brecheret.
·
Retrato de Ronald de Carvalho, de Vicente do Rego Monteiro.
·
A sombra, de Zina
Aita.
·
Os sapos, de
Manuel Bandeira.
·
Valsa mística, de
Heitor Villa-Lobos.
Críticas
à Semana de Arte Moderna de 1922
A Semana
de Arte Moderna de 1922 não agradou ao público comum, composto pela burguesia
paulistana de início do século XX, acostumada com a arte tradicional.
Assim, algumas obras apresentadas foram alvo de zombaria e vaias.
Os jornais da época também receberam mal a Semana, que foi objeto de total
ridicularização.
Com o
tempo, o evento foi desmerecido por nomes como Mário de Andrade,
Sérgio Milliet, René Thiollier (1882-1968) e Di Cavalcanti, por
exemplo. A celebração da arte moderna, conhecida como Semana de Arte Moderna de
1922, só passou a ser valorizada a partir de seu cinquentenário, em
1972.
Consequências
da Semana de Arte Moderna de 1922
A Semana
de Arte Moderna de 1922 serviu de inspiração para o surgimento do
Modernismo no Brasil. Desse modo, a primeira
fase do Modernismo (1922-1930) apresenta obras com o mesmo
espírito de irreverência e contestação da Semana de 22. Portanto, o
evento é um divisor de águas entre a arte tradicional e a moderna. Mas só
foi valorizado décadas depois.
Exercícios:
01. Sobre a Semana de Arte
Moderna, é incorreto afirmar:
a) evento realizado em São Paulo no ano de 1922, tinha como
principal objetivo ratificar os padrões estéticos vigentes à época frente às
investidas de um grupo de jovens artistas que propunha a renovação radical no
campo das artes influenciados pelas vanguardas europeias.
b) o principal foco de descontentamento com a ordem estética
estabelecida estava no campo da literatura (e da poesia, em
especial). Exemplares do Futurismo italiano chegavam ao país e começavam a
influenciar alguns escritores, como Oswald de Andrade e Guilherme de
Almeida.
c) Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi
bem entendida em sua época. Esse evento ocorreu no contexto da República
Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e pela política do café com
leite. O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República e a elite
paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais
tradicionais.
d) Os modernistas não apresentavam um projeto estético em comum,
mas entre eles imperava a ideia de que era preciso renovar, dar às artes características
genuinamente brasileiras. Para os jovens artistas, era indispensável a ruptura
com a tradição clássica para abolir os moldes europeus que ditavam as regras na
literatura, nas artes plásticas, na arquitetura, na música etc.
e) A Semana de Arte Moderna de 1922 foi uma consequência do
nacionalismo emergente da Primeira Guerra Mundial e também do entusiasmo dos
jovens intelectuais brasileiros pelas comemorações do Centenário da
Independência do Brasil.
02. A Semana da Arte Moderna
de 1922 tinha como uma das grandes aspirações renovar o ambiente artístico e
cultural do país, produzindo uma arte brasileira afinada com as tendências
vanguardistas europeias, sem, contudo, perder o caráter nacional; para isso
contou com a participação de escritores, artistas plásticos, músicos, entre
outros. Analise as sequências que reúnam as proposições corretas em relação à
Semana da Arte Moderna.
I. O movimento modernista buscava resgatar alguns pontos em comum
com o Barroco, como os contos sobre a natureza; e com o Parnasianismo, como o
estilo simples da linguagem.
II. A exposição da artista plástica Anita Malfatti representou um
marco para o modernismo brasileiro; suas obras apresentavam tendências
vanguardistas europeias, o que de certa forma chocou grande parte do público;
foi criticada pela corrente conservadora, mas despertou os jovens para a
renovação da arte brasileira.
III. O escritor Graça Aranha foi quem abriu o evento com a sua
conferência inaugural "A emoção estética na Arte Moderna"; em
seguida, apresentou suas obras Pauliceia
desvairada e Amar,
verbo intransitivo.
IV. O maestro e compositor Villa-Lobos foi um dos mais importantes
e atuantes participantes da Semana.
V. As esculturas de Brecheret, impregnadas de modernidade, foram
um dos estandartes da Semana; sua maquete do Movimento às Bandeiras foi
recusada pelas autoridades paulistas; hoje, umas das esculturas públicas mais
admiradas em São Paulo.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima
para baixo.
a) II, III e V.
b) II, IV e V
c) I e III.
d) I e IV.
e) II e V.
03. A Semana de Arte Moderna é
considerada como um divisor de águas para a cultura brasileira porque:
a) propôs a continuação da tradição e o apego à literatura
clássica, mas, ao mesmo tempo, deixou-se influenciar pelos movimentos de
vanguarda que eclodiam na Europa no início do século XX.
b) antecipou as renovações artísticas que só se consolidariam a
partir da década de 1950 com o Concretismo, corrente literária liderada pelos
poetas Décio Pignatari e os irmãos Haroldo e Augusto de Campos.
c) foi considerada como a primeira manifestação coletiva pública
na história cultural de nosso país em favor de um espírito novo e moderno que
contrariasse a arte tradicional de teor conservador que predominava no Brasil
desde o século XIX.
d) uniu técnicas literárias de maneira inédita na literatura,
mesclando as influências oriundas das vanguardas europeias com o Naturalismo e
o Simbolismo, estéticas em voga no século XIX. Essa simbiose temática
proporcionou a criação de uma nova linguagem, que em muito lembrava aquela
empregada no período Barroco de nossa literatura.
Respostas:
01. A
02. B
03. C