sexta-feira, 30 de agosto de 2024

LINGUAGENS - ENSINO MÉDIO: LITERATURA

 Semana de Arte Moderna de 1922 foi um evento de caráter artístico e antiacadêmico que inaugurou o Modernismo no Brasil. Ele ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil. Artistas como Mário de Andrade, Anita Malfatti e Victor Brecheret participaram da Semana de 22.

Resumo sobre a Semana de Arte Moderna de 1922

·         A Semana de Arte Moderna de 1922 aconteceu no final da República Velha.

·         O evento pretendia estimular a produção e recepção de uma nova arte brasileira.

·         A Semana de 22 foi um evento de caráter artístico, subversivo e antiacadêmico.

·         Ocorreu nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo.

·         Participaram artistas como Anita Malfatti, Oswald de Andrade e Heitor Villa-Lobos.

Contexto histórico da Semana de Arte Moderna de 1922

A Semana de Arte Moderna de 1922 tem lugar no final da República Velha, período histórico brasileiro marcado pela política do café com leite. Isso porque o poder estava nas mãos dos produtores de café de São Paulo e dos pecuaristas de Minas Gerais. Porém, essa república oligárquica estava em plena decadência.

Portanto, desde a Proclamação da República, em 1889, o país se mantinha política e culturalmente conservador. Então, como reação ao conservadorismo e inspirados pelos artistas das vanguardas europeias, alguns artistas brasileiros promoveram a Semana de 22, no ano do centenário da Independência do Brasil.

                                                   Vanguardas europeias

“O grito”, de Edvard Munch, foi uma das obras precursoras das vanguardas europeias, trazendo a ruptura com as artes tradicionais.

São chamadas vanguardas europeias as diversas tendências artísticas que floresceram no continente europeu no início do século XX e que acabaram por influenciar todo o mundo ocidental. Em busca de uma ressignificação do que era considerado arte, os artistas das vanguardas romperam com todas as tradições anteriores, fazendo diversas experimentações com materiais e técnicas diversos, consolidando o caminho para o surgimento da chamada arte moderna. São elas:

·         Futurismo

Surrealismo

·         Cubismo

·         Expressionismo

·         Dadaísmo

“Vanguarda” é o nome dado às tropas militares que vão à frente em um exército, àqueles que são os primeiros – por isso a palavra metaforicamente também significa “pioneirismo”, justamente o que esses artistas representaram.

Resumo sobre vanguardas europeias

·         As vanguardas europeias foram tendências artísticas que tomaram a cena na Europa no início do século XX;

·         Foram movimentos de ruptura com a arte tradicional;

·         A proposta era libertar a arte e a cultura das amarras e parâmetros estabelecidos até então;

·         Resultaram dos avanços e mudanças promovidos pela massiva industrialização e urbanização da Europa: a aceleração, a eletricidade, a máquina, tudo modificava o modo de viver da humanidade e exigia, portanto, uma nova maneira de fazer arte;

·         Espalharam-se por todo o mundo ocidental, influenciando a consolidação da arte moderna em diversos países, incluindo o Brasil;

·         Cada um dos movimentos da arte de vanguarda tinha suas próprias características: foi a época dos “ismos”;

·         Expressionismo, cubismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo foram os principais movimentos das vanguardas europeias.

Contexto histórico das vanguardas europeias

início do século XX foi marcado por uma grande mudança de paradigma na Europa. A Segunda Revolução Industrial havia popularizado grandes invenções, como a luz elétrica e o carro movido a gasolina, além da produção em larga escala de bens de consumo, acelerando o ritmo da vida como um todo.

As cidades cresciam, graças à industrialização, tornando-se grandes metrópoles. As ciências avançavamEinstein publicava sua teoria da relatividade, em 1905, e Freud propunha uma análise dos processos mentais, o que desembocou no surgimento de uma nova ciência, a psicanálise, entre outras descobertas.

Era o alvorecer de uma nova era, com uma nova mentalidade e maneira de viver e perceber o mundo. A arte, portanto, precisava também se modificar para ser capaz de apreender essa postura atual da modernidade. Além disso, a fotografia, invenção do século XIX, aprimorava-se cada vez mais, o que tornava dispensável uma arte meramente mimética (arte imitada), e o cinema também despontava como novo formato artístico.

Esse ambiente tecnologicamente efervescente, contudo, não proporcionou o fim da fome e da miséria, por exemplo, nem foi capaz de solucionar os problemas da humanidade. Ao contrário, foi palco de um conflito tenebroso, de proporções nunca antes vistas: a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), evento que sacudiu diretamente os últimos movimentos das vanguardas, dando aos artistas uma postura ainda mais questionadora da tradição e do entusiasmo com a modernização ascendente do período.

Quais são as vanguardas europeias?

Expressionismo: entendida como a primeira vanguarda, valorizava a arte primitiva e a gravura. Foram os primeiros a postular que a arte não deveria seguir uma representação mimética da realidade, algo em comum com todas as outras vanguardas. Para os expressionistas, a arte deveria expressar a realidade subjetiva, que parte da percepção de cada um. Figuras deformadascores vibrantes e estética do grotesco são algumas de suas características.

Paisagem chuvosa, de Wassily Kandinsky. Pioneiro do movimento abstracionista e também pertencente à estética expressionista.

 ·         Futurismo: contaminados pelo entusiasmo da modernização acelerada das cidades que se tornavam metrópoles, os futuristas cultuavam a velocidade, a máquina, as invenções, glorificando o mundo moderno industrializado e propondo experimentos estéticos que refletiam essa aceleração e dinamismo. Entusiastas também do patriotismo, muitos de seus seguidores acabaram por apoiar declaradamente o fascismo italiano, de Benito Mussolini.

·         Surrealismo: impulsionados pela teoria psicanalítica de Freud, os surrealistas propuseram uma arte que aborda o universo onírico e do inconsciente, abolindo as fronteiras entre o sonho e a realidade, entre a lucidez e o delírio. O surrealismo proporcionou novas técnicas de composição artística, valorizando os processos não racionais do cérebro em oposição à objetividade cientificista e mecanicista.

·         Cubismo: em busca da ruptura com a tradição artística consolidada e em consonância com a nova realidade industrial, em que o tempo é mais acelerado, os cubistas tinham como principal característica o banimento da perspectiva plana e a geometrização das formas. Diferentes perspectivas sobrepõem-se, inovando as artes plásticas e a literatura, fazendo uso da técnica da colagem e da representação de diversas perspectivas ao mesmo tempo.

Retrato de Pablo Picasso, grande nome do cubismo, de autoria de Juan Gris, também cubista.


·         Dadaísmo: provocador, inovador e arrojado, os dadaístas foram bastante impactados pela catástrofe e matança generalizada da Primeira Guerra Mundial, que incutiu nos artistas um desprezo ainda maior pela cultura tradicional. Abolindo as leis da lógica e tendo como lema “a destruição também é criação”, o dadaísmo foi, das artes de vanguarda, a que mais valorizou a ruptura, negando todos os valores vigentes, todas as regras e todas as tradições, propondo uma “antiarte”.

Objetivos da Semana de Arte Moderna de 1922

Os artistas da Semana de Arte Moderna de 1922 pretendiam apresentar ao público brasileiro as novas tendências artísticas do início do século XX. Na Europa, movimentos como o Cubismo, Futurismo, Surrealismo e Expressionismo contestavam os valores tradicionais da arte. E no Brasil, não podia ser diferente.

As obras expostas na Semana de 22 tinham caráter inovador e, portanto, antiacadêmico. Desse modo, o evento tinha como objetivo estimular a produção e a valorização de uma nova arte nacional, condizente com a produção artística europeia. Era preciso repensar a história do Brasil e os valores tradicionais dessa nação.

 

Características da Semana de Arte Moderna

A Semana de Arte Moderna de 1922 contestava os valores vigentes até então. Era, portanto, um evento subversivo, antirromântico e antiacadêmico. E celebrava, com dinamismo e alegria, a inovação estética da arte nacional. Essa ruptura com o passado foi feita com bastante ironia e espírito provocativo.

Como aconteceu a Semana de Arte Moderna de 1922?

Durante os dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, o Teatro Municipal de São Paulo expôs obras e foi palco da apresentação de artistas na Semana de Arte Moderna de 1922. O público do evento era a elite paulistana, acostumada com a arte tradicional. Além dos concertos, espetáculos de dança e declamação de poemas, houve também a apresentação de conferências que buscavam refletir sobre a arte moderna.

Principais artistas da Semana de Arte Moderna de 1922

·         Graça Aranha (1868-1931) — escritor.

·         Georg Przyrembel (1885-1956) — arquiteto.

·         Manuel Bandeira (1886-1968) — escritor.|1|

·         Heitor Villa-Lobos (1887-1959) — musicista.

·         Ernani Braga (1888-1948) — musicista.

·         Anita Malfatti (1889-1964) — pintora.

·         Oswald de Andrade (1890-1954) — escritor.

·         Guilherme de Almeida (1890-1969) — escritor.

·         Antonio Moya (1891-1949) — arquiteto.

·         John Graz (1891-1980) — pintor.

·         Wilhelm Haarberg (1891-1986) — escultor.

·         Ferrignac (1892-1958) — pintor.

·         Menotti del Picchia (1892-1988) — escritor.

·         Ronald de Carvalho (1893-1935) — escritor.

·         Mário de Andrade (1893-1945) — escritor.

·         Victor Brecheret (1894-1955) — escultor.

·         Guiomar Novaes (1894-1979) — musicista.

·         Frutuoso Viana (1896-1976) — musicista.

·         Di Cavalcanti (1897-1976) — pintor.

·         Ribeiro Couto (1898-1963) — escritor.

·         Sérgio Milliet (1898-1966) — escritor.

·         Yan de Almeida Prado (1898-1991) — pintor.

·         Vicente do Rego Monteiro (1899-1970) — pintor.

·         Zina Aita (1900-1967) — pintora.

·         Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) — escritor.

·         Alberto Martins Ribeiro — pintor.

Principais obras da Semana de Arte Moderna

O homem amarelo no selo em comemoração aos 100 anos de Anita Malfatti.


·         O homem amarelo, de Anita Malfatti.

·         Cabeça de Cristo, de Victor Brecheret.

·         Retrato de Ronald de Carvalho, de Vicente do Rego Monteiro.

·         A sombra, de Zina Aita.

·         Os sapos, de Manuel Bandeira.

·         Valsa mística, de Heitor Villa-Lobos.

Críticas à Semana de Arte Moderna de 1922

A Semana de Arte Moderna de 1922 não agradou ao público comum, composto pela burguesia paulistana de início do século XX, acostumada com a arte tradicional. Assim, algumas obras apresentadas foram alvo de zombaria e vaias. Os jornais da época também receberam mal a Semana, que foi objeto de total ridicularização.

Com o tempo, o evento foi desmerecido por nomes como Mário de Andrade, Sérgio Milliet, René Thiollier (1882-1968) e Di Cavalcanti, por exemplo. A celebração da arte moderna, conhecida como Semana de Arte Moderna de 1922, só passou a ser valorizada a partir de seu cinquentenário, em 1972.

Consequências da Semana de Arte Moderna de 1922

A Semana de Arte Moderna de 1922 serviu de inspiração para o surgimento do Modernismo no Brasil. Desse modo, a primeira fase do Modernismo (1922-1930) apresenta obras com o mesmo espírito de irreverência e contestação da Semana de 22. Portanto, o evento é um divisor de águas entre a arte tradicional e a moderna. Mas só foi valorizado décadas depois.

Exercícios:

01. Sobre a Semana de Arte Moderna, é incorreto afirmar:

a) evento realizado em São Paulo no ano de 1922, tinha como principal objetivo ratificar os padrões estéticos vigentes à época frente às investidas de um grupo de jovens artistas que propunha a renovação radical no campo das artes influenciados pelas vanguardas europeias.

b) o principal foco de descontentamento com a ordem estética estabelecida estava no campo da literatura (e da poesia, em especial). Exemplares do Futurismo italiano chegavam ao país e começavam a influenciar alguns escritores, como Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida.

c)  Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época. Esse evento ocorreu no contexto da República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e pela política do café com leite. O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionais.

d) Os modernistas não apresentavam um projeto estético em comum, mas entre eles imperava a ideia de que era preciso renovar, dar às artes características genuinamente brasileiras. Para os jovens artistas, era indispensável a ruptura com a tradição clássica para abolir os moldes europeus que ditavam as regras na literatura, nas artes plásticas, na arquitetura, na música etc.

e) A Semana de Arte Moderna de 1922 foi uma consequência do nacionalismo emergente da Primeira Guerra Mundial e também do entusiasmo dos jovens intelectuais brasileiros pelas comemorações do Centenário da Independência do Brasil.

 

02. A Semana da Arte Moderna de 1922 tinha como uma das grandes aspirações renovar o ambiente artístico e cultural do país, produzindo uma arte brasileira afinada com as tendências vanguardistas europeias, sem, contudo, perder o caráter nacional; para isso contou com a participação de escritores, artistas plásticos, músicos, entre outros. Analise as sequências que reúnam as proposições corretas em relação à Semana da Arte Moderna.

I. O movimento modernista buscava resgatar alguns pontos em comum com o Barroco, como os contos sobre a natureza; e com o Parnasianismo, como o estilo simples da linguagem.

II. A exposição da artista plástica Anita Malfatti representou um marco para o modernismo brasileiro; suas obras apresentavam tendências vanguardistas europeias, o que de certa forma chocou grande parte do público; foi criticada pela corrente conservadora, mas despertou os jovens para a renovação da arte brasileira.

III. O escritor Graça Aranha foi quem abriu o evento com a sua conferência inaugural "A emoção estética na Arte Moderna"; em seguida, apresentou suas obras Pauliceia desvairada e Amar, verbo intransitivo.

IV. O maestro e compositor Villa-Lobos foi um dos mais importantes e atuantes participantes da Semana.

V. As esculturas de Brecheret, impregnadas de modernidade, foram um dos estandartes da Semana; sua maquete do Movimento às Bandeiras foi recusada pelas autoridades paulistas; hoje, umas das esculturas públicas mais admiradas em São Paulo.

Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo.

a) II, III e V.

b) II, IV e V

c) I e III.

d) I e IV.

e) II e V.


03. A Semana de Arte Moderna é considerada como um divisor de águas para a cultura brasileira porque:

a) propôs a continuação da tradição e o apego à literatura clássica, mas, ao mesmo tempo, deixou-se influenciar pelos movimentos de vanguarda que eclodiam na Europa no início do século XX.

b) antecipou as renovações artísticas que só se consolidariam a partir da década de 1950 com o Concretismo, corrente literária liderada pelos poetas Décio Pignatari e os irmãos Haroldo e Augusto de Campos.

c) foi considerada como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural de nosso país em favor de um espírito novo e moderno que contrariasse a arte tradicional de teor conservador que predominava no Brasil desde o século XIX.

d) uniu técnicas literárias de maneira inédita na literatura, mesclando as influências oriundas das vanguardas europeias com o Naturalismo e o Simbolismo, estéticas em voga no século XIX. Essa simbiose temática proporcionou a criação de uma nova linguagem, que em muito lembrava aquela empregada no período Barroco de nossa literatura.

 

Respostas:

01. A

02. B

03. C

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