O QUE SÃO FIGURAS DE LINGUAGEM?
Para entendermos melhor as figuras de linguagem, é preciso abordar
outros dois conceitos importantíssimos na língua portuguesa: denotação e
conotação.
Denotação é quando utilizamos as palavras em seu
sentido literal, do mesmo jeito que estão no dicionário. Quer dizer, a palavra
tem um significado restrito, sendo utilizada de maneira exata e objetiva,
justamente para evitar interpretações ambíguas.
Por outro lado, conotação é quando usamos as palavras
em seu sentido figurado. Ao contrário da denotação, aqui o significado da
palavra é rico em sentidos e depende do contexto em que ela é utilizada, o que
faz com que ela possa ter um sentido diferente do habitual e mais de uma
interpretação.
Observe os exemplos:
Aquele suco de limão estava muito
azedo!
O senhor da casa ao lado é um
homem azedo.
Veja como a mesma palavra tem sentidos completamente distintos,
dependendo do que o emissor da mensagem estava querendo dizer. Enquanto, na
primeira frase, temos o sentido literal da palavra “azedo”, tal como está no
dicionário, na segunda oração, foi atribuído um significado figurado, fazendo
referência a um homem amargurado, que vive com a cara feia, como a de quem come
limão.
Isto posto, o que são as figuras de linguagem? Tratam-se de recursos
utilizados para tornar a mensagem que desejamos transmitir mais expressiva.
Nesse sentido, elas dependem da compreensão dos conceitos que vimos há pouco,
uma vez que elas têm total relação com a conotação, ou seja, com o uso de
palavras ou expressões no sentido figurado.
Identificar as figuras de linguagem e saber como utilizá-las é
fundamental para que possamos compreender melhor a nossa língua como fenômeno
social e interpretar mais facilmente os diferentes tipos de mensagens e seus
sentidos.
TIPOS DE FIGURAS DE LINGUAGEM
Na língua portuguesa, temos inúmeras figuras de linguagem. Por esse
motivo, vamos focar nas mais importantes, aquelas que costumam ser mais
cobradas nos vestibulares e, sobretudo, no ENEM. Vamos lá?
COMPARAÇÃO
Como o próprio nome já diz, trata-se de uma figura de linguagem
utilizada para estabelecer uma comparação entre duas ou mais coisas que tenham
características semelhantes.
Para isso, sempre serão utilizados os termos chamados
de elementos comparativos. São eles: tal qual, como, igual a, que nem, assim
como, etc.
Flutuou no ar como se
fosse um príncipe.
A família está reunida que
nem na noite de Natal.
METÁFORA
Consiste no emprego de um termo com significado de outro, tendo em vista
uma relação de semelhança entre ambos. Na metáfora, também ocorre uma
comparação, porém sem a presença dos elementos comparativos.
Meu pensamento é
um rio subterrâneo.
A vida é
uma nuvem que voa.
METONÍMIA
Ocorre quando há substituição lógica de uma palavra por outra com
sentido semelhante. Pode-se trocar a parte pelo todo, o efeito pela causa, o
autor por sua obra, um produto pela marca, etc.
Eu li Carlos Drummond de
Andrade. – Trata-se da substituição da obra pelo autor: Eu li as
obras de Carlos Drummond de Andrade.
Fiz a barba com gilete.
– Nesse caso, a marca é utilizada como sinônimo do produto lâmina de
barbear.
ANTÍTESE
Consiste no emprego de palavras com sentidos contrários, opostos.
Tristeza não tem
fim, felicidade, sim.
Ele
está dormindo acordado.
PARADOXO
Muito confundido com a antítese, o paradoxo cria uma relação
aparentemente absurda no contexto em que é empregado por meio de ideais que se
anulam.
A luz é
minha escuridão.
Era
um silêncio ensurdecedor.
PERSONIFICAÇÃO OU PROSOPOPEIA
Consiste em atribuir características humanas a seres inanimados ou
irracionais.
O sol está tímido.
Meu coração chorava de
alegria.
HIPÉRBOLE
Trata-se de uma figura de linguagem que dá um exagero intencional ao
contexto.
Estou morrendo de fome!
Não o via há séculos!
EUFEMISMO
Consiste na substituição de um termo por outro mais brando, com a
intenção de atenuar uma mensagem considerada chocante ou desagradável.
Seu avô foi para o céu. – Faleceu.
Ele sempre faltava com a
verdade. –
Mentia.
IRONIA
Trata-se da utilização proposital de termos que afirmam o contrário do
que realmente se pensa.
Que pessoa educada! Entrou sem
cumprimentar ninguém.
Nossa, muito engraçado…
ANÁFORA
Consiste na repetição da mesma palavra ou expressão de forma regular no
começo de diferentes orações, períodos ou versos.
Tudo é
silêncio, tudo calma, tudo mudez.
É pau, é pedra, é o
fim do caminho […].
ALITERAÇÃO
Nada mais é que a repetição de sons consonantais ao longo da mensagem.
O rato roeu
a roupa do rei de Roma.
Chove chuva, chove sem
parar.
ASSONÂNCIA
Consiste no uso repetido de sons vocálicos.
A minha alma está armada e apontada para a cara […].
Sou um mulato nato no
sentido lato […].
PLEONASMO
Consiste na repetição de expressões com o mesmo significado, ou seja, é
uma redundância, cujo objetivo é reforçar a mensagem.
E rir meu riso e derramar meu pranto.
Vi com meus
próprios olhos!
ONOMATOPOEIA
Trata-se da tentativa de reproduzir ou imitar ruídos e sons na linguagem
escrita.
Não aguento mais
o tic-tac do relógio.
O gatinho faz miau-miau.
NEOLOGISMO
Consiste na criação de novas palavras, elaboradas de acordo com o que se
pretende dizer em determinado contexto.
Te carinhar, minha linda
sereia […] – Acariciar.
Este texto está repleto
de internetês. – Linguagem utilizada na internet.
·
HIPÉRBATO
É a inversão sintática da ordem direta das palavras em uma oração:
sujeito + verbo + complemento.
Batia acelerado meu coração.
– Meu
coração batia acelerado.
São como uns anjos os seus
alunos. – Os seus
alunos são como uns anjos.
·
PARONOMÁSIA
Trata-se da utilização de termos com sonoridade parecida, normalmente
para realizar um jogo de palavras.
Exportar é o
que importa!
Você tem que ler
muito, sobretudo se quiser escrever sobre tudo.
ELIPSE
Consiste na omissão de um termo que pode ser facilmente identificado,
não prejudicando a compreensão da mensagem.
No trânsito, carros e mais
carros. – No
trânsito, há carros e mais carros.
Se não eu, quem vai fazer você
feliz? – Se não sou eu, quem é que vai fazer você feliz?
GRADAÇÃO
É a apresentação de uma sequência de ideias, seja em forma crescente
(clímax) ou decrescente (anticlímax).
No
restaurante, sentei, pedi, comi, paguei.
Ela estava pelo mundo e
chegou no país, no estado, na cidade, no bairro.
1. Leia
estes versos:
As ondas
amarguradas
Encostam
a cabeça nas pedras do cais.
Até as
ondas possuem
Uma pedra
para descansar a cabeça.
Eu na
verdade possuo
Todas as
pedras que há no mundo,
Mas não
descanso.
(Murilo
Mendes)
A figura
de linguagem que ocorre nos versos 5 e 6 é:
a)
metáfora
b)
sinédoque
c)
hipérbole
d)
aliteração
e)
anáfora
2. Na
frase: “O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô” encontramos a
figura de linguagem chamada:
a)
silepse de pessoa
b) elipse
c)
anacoluto
d)
hipérbole
e)
silepse de número
3. Cada
frase abaixo possui uma figura de linguagem. Assinale aquela que não está
classificada corretamente:
a) O céu
vai se tornando roxo e a cidade aos poucos agoniza. (prosopopeia)
b) E ele
riu frouxamente um riso sem alegria. (pleonasmo)
c)
Peço-lhe mil desculpas pelo que aconteceu. (metáfora)
d) Toda
vida se tece de mil mortes. (antítese)
e) Ele
entregou hoje a alma a Deus. (eufemismo)
4. No
trecho: “um jeito de mudar o mínimo para continuar mandando o máximo” a figura
de linguagem presente é chamada:
a)
metáfora
b)
hipérbole
c)
hipérbato
d)
anáfora
e) antítese
5. Seus
óculos eram imperiosos. Assinale a alternativa em que aparece a mesma figura de
linguagem que há na frase acima:
a) As
cidades vinham surgindo na ponte dos nomes.
b) Nasci
na sala do 3° ano.
c) O
bonde passa cheio de pernas.
d) O meu
amor, paralisado, pula.
e) Não
serei o poeta de um mundo caduco.
6. Nos
versos abaixo, uma figura se ergue graças ao conflito de duas visões
antagônicas:
Saio do
hotel com quatro olhos,
- Dois do
presente,
- Dois do
passado.
Esta
figura de linguagem recebe o nome de:
a)
metonímia
b)
catacrese
c)
hipérbole
d)
antítese
e)
hipérbato
7. Em
qual das opções há erro de identificação das figuras?
a) Um dia
hei de ir embora / Adormecer no derradeiro sono. (eufemismo)
b) A
neblina, roçando o chão, cicia, em prece. (prosopopeia)
c) Já não
são tão frequentes os passeios noturnos na violenta Rio de Janeiro. (silepse de
número)
d) E
fria, fluente, frouxa claridade / Flutua... (aliteração)
e) Oh
sonora audição colorida do aroma. (sinestesia).
Gab. 1-C/
2-E/ 3-C/ 4- E/ 5-D / 5-D/ 6-C/ 7-C