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PROF. BERNADETE
GÊNERO DRAMÁTICO
A principal característica de um texto pertencente
ao gênero dramático é ser feito para ser encenado. Não existe
um narrador que conta a ação, sendo o enredo apresentado através das falas das
personagens, representadas por atores que vivenciam os acontecimentos. Assim,
os diálogos e monólogos assumem uma importância fulcral.
Características do gênero dramático
- É construído para a sua
encenação, estando dividido em atos e cenas;
- A história é contada pela
fala das personagens;
- Apresenta indicações cênicas
que auxiliam a representação.
Estrutura do texto dramático
A estrutura do texto dramático, independentemente de ser feitos em verso
ou em prosa, atua como facilitadora da dramatização. Para tal, fornece
elementos auxiliadores da representação, como indicações do cenário, da música,
da iluminação, do figurino,..., bem como outras indicações cênicas, que guiam o
ator durante a peça de teatro.
Assim, um texto do gênero dramático apresenta esses dois tipos de
conteúdos: o discurso direto das personagens e as indicações cênicas (rubricas
ou didascálias).
Os textos dramáticos estão subdivididos em atos e cenas e apresentam o
nome da personagem que dialoga antes da sua fala, marcando assim a sua entrada
em cena. Normalmente segue uma sequência linear de: situação inicial,
complicações com um ponto culminante (tensão) e desfecho.
Atualmente, as peças teatrais tentam aproximar os conflitos vividos
pelas personagens dos conflitos vividos pela audiência, privilegiando-se a
liberdade de expressão. Com a tendência atual de converter qualquer tipo de
texto para representação teatral, são cada vez mais infrequentes textos
puramente do gênero dramático.
Subgêneros do gênero dramático
Auto: Peça teatral sobre temas religiosos
ou profanos com teor moralizante que, através de alegorias, visa satirizar e
educar. As personagens são frequentemente representadas de forma abstrata: a
bondade, a fome, a inveja,...
Comédia: Peça teatral que visa criticar os
defeitos humanos e da sociedade através da exploração de situações ridículas e
cômicas do cotidiano. As personagens são maioritariamente estereotipadas.
Tragédia: Peça teatral sobre um acontecimento
trágico, que retrata adversidades e sofrimento das personagens, culminando num
final funesto. Visa impressionar a audiência, provocando terror e compaixão.
Tragicomédia: Peça teatral que mistura
características da comédia e da tragédia. São abordados assuntos trágicos e é
retratada a desgraça das personagens com elementos cômicos e toques de humor.
Farsa: Peça teatral sobre situações
grotescas e ridículas da vida cotidiana e familiar. Apresenta um caráter
exageradamente caricatural e satírico. Visa criticar a sociedade e provocar o
riso da audiência.
Nessa peça, de uma farsa, um velho se apaixona por uma
moça. Uma alcoviteira, então, se propõe a ajudar o velho, em troca de dinheiro,
mas não faz nada além de o enganar:
VELHO
— Onde se criou tal flor? Eu diria que nos céus.
MOÇA
— Mas no chão.
[...]
MOÇA
— E essa tosse? Amores de sobreposse serão os da vossa idade; o tempo vos tirou
a posse.
VELHO
— Mas amo que se moço fosse com a metade.
MOÇA
— E qual será a desastrada que atende vosso amor?
VELHO
— Oh minha alma e minha dor, quem vos tivesse furtada!
MOÇA
— Que prazer! Quem vos isso ouvir dizer cuidará que estais vivo, ou que estais
para viver!
[...]
VELHO
— Essas palavras ufanas acendem mais os amores.
MOÇA
— Bom homem, estais às escuras! Não vos vedes como estais?
VELHO
— Vós me cegais com tristuras, mas vejo as desaventuras que me dais.
MOÇA
— Não vedes que sois já morto e andais contra a natura?
[...]
Nesse auto, os personagens são almas que, após julgamento, embarcam na
Barca do Inferno (comandada pelo Diabo) ou na Barca da Glória (conduzida por um
Anjo):
DIABO — Em que esperas ter guarida?
FIDALGO — Que leixo na outra vida quem reze sempre por mim.
DIABO — Quem reze sempre por ti?!... Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!... E tu
viveste a teu prazer, cuidando cá guarnecer por que rezam lá por ti?!...
Embarca — ou embarcai... que haveis de ir à derradeira! Mandai meter a cadeira,
que assim passou vosso pai.
[...]
FIDALGO — Não há aqui outro navio?
DIABO — Não, senhor, que este fretastes, e primeiro que expirastes me
destes logo sinal.
[...]
ANJO — Que quereis?
FIDALGO — Que me digais, pois parti tão sem aviso, se a barca do Paraíso
é esta em que navegais.
ANJO — Esta é; que demandais?
FIDALGO — Que me leixeis embarcar. Sou fidalgo de solar, é bem que me
recolhais.
ANJO — Não se embarca tirania neste batel divinal.
[...]
O exemplo mais conhecido de tragédia,
do texto dramático é Édipo rei,
de Sófocles (497-405 a. C.).
Nessa obra, Édipo tem como
destino matar o próprio pai e se casar com a própria mãe. Diante dessa
profecia, ele busca fugir de seu destino, sem saber que ela já estava sendo
cumprida. Por isso, no final, sua mãe, a rainha Jocasta, comete suicídio,
enquanto Édipo fura os próprios olhos:
ÉDIPO — Foi ela que te entregou a
criança?
SERVO — Sim, meu rei.
ÉDIPO — E para quê?
SERVO — Para que eu a matasse.
ÉDIPO — Uma mãe fez tal coisa!
Amaldiçoada seja!
SERVO — Assim fez, temendo a terrível
profecia...
ÉDIPO — Que profecia?
SERVO — Aquele menino deveria matar
seu pai, assim diziam...
ÉDIPO — E por que então entregá-lo a
esse velho?
SERVO — Senti pena dele, senhor! Pedi
a esse homem que o levasse para a sua terra, para um país distante... Vejo
agora que o salvou da morte para uma sina pior! Pois, se és tu aquela criança,
sabe que és o mais infeliz dos homens!
ÉDIPO — Horror! Horror! Ai de mim!
Tudo era verdade! Ó luz, que eu te veja pela derradeira vez! Filho amaldiçoado
que sou, marido maldito de minha própria mãe... e... assassino maldito de meu
próprio pai!
[...]
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