terça-feira, 6 de julho de 2021

LITERATURA - ENSINO MÉDIO

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PROF. BERNADETE 

QUINHENTISMO 

Quinhentismo foi um movimento histórico e literário que compreendeu as manifestações culturais escritas no primeiro século da colonização brasileira. Em linhas gerais, é possível reconhecer dois grupos de composição textual na época: os textos de informação e a literatura de formação. Os principais escritores da época foram Pero Vaz de Caminha, José de Anchieta e Manuel da Nóbrega.

Características

A produção literária dos primeiros anos da colonização brasileira pode ser dividida em dois grupos:

  • Literatura de informação

Esse tipo de produção literária tem como principal característica ter como função descrever o processo de domínio português sob o território brasileiro. O principal escritor desse grupo é Pero Vaz de Caminha, e sua famosa carta é um dos mais importantes documentos históricos do período.

Para além de ser um texto histórico, a carta de Caminha é reconhecida como uma produção literária, haja vista que estrutura-se a partir de uma narrativa em primeira pessoa com certa tendência subjetiva na descrição dos espaços e da sociedade indígena que vivia no Brasil quando ocorreu a chegada portuguesa.

Veja, a seguir, um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha:

Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz.

Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças; e ao sol posto, obra de seis léguas da terra, surgimos âncoras, em dezenove braças -- ancoragem limpa. Ali permanecemos toda aquela noite. E à quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos em direitos à terra, indo os navios pequenos diante, por dezessete, dezesseis, quinze, catorze, treze, doze, dez e nove braças, até meia légua da terra, onde todos lançamos âncoras em frente à boca de um rio. E chegaríamos a esta ancoragem às dez horas pouco mais ou menos.

Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro.

Então lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor, onde falaram entre si.

E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.

Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.

  • Literatura de Formação

Também conhecida como literatura catequética, esse grupo literário é composto por poemascartassermões e peças de teatro produzidos pelos padres jesuítas que desembarcaram no Brasil no início da colonização. De modo breve, é possível dizer que tais produções tinham como principal função catequizar os nativos do território.

A catequização pode ser compreendida como uma espécie de colonização religiosa, haja vista que os deuses e cultos indígenas foram demonizados pelos jesuítas, que impuseram o catolicismo na região. Dessa forma, portanto, o Estado português dominou o território, e a Igreja Católica colonizou a religião dos nativos.

Contexto histórico

O contexto histórico do Quinhentismo é o início da colonização brasileira. As duas forças políticas que atuaram na dominação do território e dos nativos, o Estado português e a Igreja Católica, são perceptíveis a partir das produções literárias do período.

Tanto por meio das descrições de Pero Vaz de Caminha ou das peças e poemas do Padre José de Anchieta, é possível perceber traços do momento histórico que o país passava.

Autores

Os principais autores do Quinhentismo são:

  • Pero Vaz de Caminha;
  • Hans Staden;
  • Padre José de Anchieta;
  • Padre Manuel da Nóbrega.

Obras

As obras mais relevantes do Quinhentismo são, entre outras, a “Carta” (Pero Vaz de Caminha), “Duas Viagens ao Brasil” (Hans Staden), poemas, peças de teatro e "Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil" (Padre José de Anchieta), além de escritos e cartas do Padre Manuel da Nóbrega.

Os escritos do Padre Manuel da Nóbrega foram obra literária produzida no Brasil. Nas cartas, encontra-se o início da história do povo brasileiro, do ponto de vista de um catequizador. Contribuição ao estudo dos costumes da sociedade tupinambá, já em sua primeira carta do Brasil, ao padre Simão Rodrigues, provincial em Portugal, se nota a postura dos jesuítas a respeito da conversão do gentio e a tentativa de eliminar alguns hábitos, como o canibalismo:

"Diz que quer ser cristão e não comer carne humana, nem ter mais de uma mulher e outras coisas: somente que há de ir à guerra e os que cativar vendê-los e servir-se deles, porque estes desta terra sempre tem guerra com outros e assim andam todos em discórdia. Comem-se uns aos outros, digo os contrários. É gente que nenhum conhecimento tem de Deus, nem ídolos, fazem tudo quanto lhe dizem".

Esta aparece, por exemplo, a luta entre cristãos e índios: os primeiros consideravam os segundos como um papel branco onde podiam inscrever as virtudes mais necessárias.

Ainda que Nóbrega não tenha alto voo lírico, estima-se que seu "Diálogo sobre a conversão do gentio", primeiro texto em prosa escrito no Brasil, tenha grande valor literário. 

Leia abaixo a cena do segundo ato da peça teatral “Auto de São Lourenço” de José de Anchieta e preste atenção nas palavras negritadas: 


GUAIXARÁ

Esta virtude estrangeira

Me irrita sobremaneira.

Quem a teria trazido,

com seus hábitos polidos

estragando a terra inteira?

Só eu

permaneço nesta aldeia

como chefe guardião.

Minha lei é a inspiração

que lhe dou, daqui vou longe

visitar outro torrão.

Quem é forte como eu?

Como eu, conceituado?

Sou diabo bem assado.

A fama me precedeu;

Guaixará sou chamado.

Meu sistema é o bem viver.

Que não seja constrangido

o prazer, nem abolido.

Quero as tabas acender

com meu fogo preferido

Boa medida é beber

cauim até vomitar.

Isto é jeito de gozar

a vida, e se recomenda

a quem queira aproveitar.

01. Como é a descrição dos primeiros índios feita por Pero Vaz de Caminha no litoral brasileiro?

Resposta: A primeira menção aos índios inicia no trecho "E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro." A partir de então, Caminha procede com a descrição dos nativos e se mostra impressionado com a beleza e com o aspecto diferente dos índios principalmente no que concerne ao vestuário, ao cabelo, à cor da pele e aos adereços do corpo. Caminha também se mostra impressionado com o fato de que os índios não pareciam incomodados ao mostrar suas partes íntimas o que, segundo Caminha, era um sinal de inocência.

02. Quem foi Pero Vaz de Caminha, autor da Carta a El-Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil?

Resposta:Escritor, foi nomeado o escrivão a fazer parte da armada de Pedro Álvares Cabral em 1500 que, na ocasião, rumava em direção a Calecute, na Índia. Responsável pela Carta a El-Rei sobre o achamento do Brasil, Caminha faz um relato ao rei sobre a "Terra de Vera Cruz" posteriormente renomeada de Brasil.

03. Além da vinda para o Brasil para auxiliar na catequização dos índios mediante a composição de peças de teatro, qual a outra maior contribuição com relação à difusão da educação dos índios tupi pelos jesuítas?

Resposta: Uma das maiores contribuições do Padre Anchieta foi a elaboração da primeira gramática da língua tupi (a mais falada pelos índios na costa brasileira) para auxiliar os catequizadores na evangelização.

04. Em seus poemas mais famosos Compaixão da Virgem na Morte do FilhoAo Santíssimo Sacramento e A Santa Inês qual a posição do poeta em face ao divino? A qual gênero literário pertencem os poemas?

Resposta: Nos três poemas o poeta se coloca em posição de adoração ao divino, seja para a Nossa Senhora que sofre ao ver seu filho torturado, seja ao Jesus Cristo transformado em hóstia, seja à formosa Santa Inês. Os três poemas fazem parte do gênero lírico.

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